Coisas legais acontecem o tempo todo em nosso mundo. Por que cultivar assuntos tristes, pessimistas e violentos, se há tanta coisa interessante ao nosso redor? Por que não ter acesso a informações legais, iniciativas bacanas, notícias que mostram ações construtivas?
Este espaço busca reverter o "efeito noticiário" (aquela depressão que dá ao final de um telejornal, após lermos as manchetes na internet, ou após lermos um jornal qualquer). Aqui podem ser encontrados assuntos diversos que versam sobre temas alegres, construtivos, leves, bons e divertidos.
Você tem alguma coisa legal para compartilhar? É só enviar o conteúdo para omundoelegal@gmail.com. Todos estão convidados a participar e ajudar a reverter o "efeito noticiário".
Você vai ver como o mundo é muito legal!
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Narração de contos ajuda na aprendizagem e aproxima pais e filhos
Sophia Rey, 4, até se esqueceu que tinha acabado de ralar o joelho. Sentada numa roda com outros 11 colegas da mesma idade, a menina só voltou a piscar quando a professora e contadora de histórias Suzana Moreira acabou de ler o conto.
Todos os dias, a turma de Sophia, no colégio São Domingos (zona oeste de São Paulo), participa de uma roda de histórias como essa.
A repetição da atividade tem um objetivo. De acordo com Vicentina de Carvalho, professora da PUC-Minas especializada em alfabetização, na idade de Sophia, ouvir histórias é fundamental.
Na fase que antecede a alfabetização, diz a especialista, a narração de histórias desenvolve a criatividade, o raciocínio, o vocabulário, o repertório cultural, ajuda a construir valores e ainda estimula o gosto pela leitura.
Ilan Brenman, escritor de livros infantis, contador de histórias e doutor em educação, concorda que todos esses efeitos sejam importantes, mas ressalta que eles devem ocorrer naturalmente.
"Procurar uma intenção pedagógica [no ato de contar história] faz com que a literatura perca sua força", diz.
Para Brenman, o que de mais valioso o ato de contar histórias traz é a aproximação entre as gerações.
"Em um mundo em que os pais trabalham 15 horas por dia, parar alguns instantes para contar história é uma demonstração de amor."
Se não é fácil para os pais encontrar um espaço na rotina para contar histórias, para os filhos não é diferente.
"Disputamos a atenção deles com a televisão e com o computador, que são mais sedutores", diz Vicentina de Carvalho, da PUC-Minas.
Para criar um universo à parte e capturar a atenção das crianças, os contadores usam algumas táticas.
Na turma de Sophia, por exemplo, Suzana e os alunos cantam uma música introdutória que eles associam como "a hora de prestar atenção".
Em casa, é preciso desligar a televisão e colocar as crianças em um lugar confortável, diz Elaine Gomes, responsável pelo curso de contadores de história no Senac-SP.
Para o aprendizado das crianças, uma história tanto pode ser contada ou lida. As duas formas, afirma Carvalho, desempenham um papel importante na alfabetização.
"A história contada é a que mais desperta o imaginário. Ela exige do contador um tom de voz diferente", diz.
Já a história lida ajuda as crianças a fazerem uma associação entre o som que ouvem e o desenho da letra.
Mas os contos não são usados só com crianças. Segundo Gomes, seu curso de contação de história para professores recebe envolvidos em todas as etapas do ensino.
Em sala, ela leciona história da arte para adultos de um curso tecnológico e usa a técnica. "O conto motiva todas as idades."
PATRÍCIA GOMES
Folha.com.br
Marcadores:
educação,
narração de contos
Mineiro aprendeu a ler aos 16 anos e hoje mantém programa de alfabetização
A Rodoviária do Plano Piloto foi a casa de Elias Silva. Durante uma semana, ele morou com a mãe, Maria, e seis irmãos no local que serve apenas como passagem para milhares de pessoas. Eram homens, mulheres e crianças, em um ir e vir sem fim. Assim como outras, a família de Elias não ia embora.
Mesmo com fome, mendigar não se fazia uma opção. Era 1971, ano de seca cruel em Januária, Minas Gerais, de onde vieram os Silvas. Havia apenas uma esperança de sobrevivência. Ela se chamava Brasília. Hoje, aos 44 anos, quase 40 anos depois, Elias — que se alfabetizou aos 16 — é o criador do projeto Casa de Paulo Freire, em São Sebastião.
Ensina idosos e adultos a ler e a escrever, sem cobrar nada. Mais de 2 mil pessoas saíram da escuridão da falta de conhecimento. Aprenderam a decifrar a vida por meio da escrita e da leitura com os ensinamentos de Elias.
A história do educador, porém, começou distante daqui. Em 22 de maio de 1966, à meia-noite, Elias nasceu. Veio ao mundo como filho de um marceneiro, João, com a lavradora Maria. O casal era semialfabetizado. “Sem o consentimento da minha mãe, meu pai adotou uma política: a filha mais velha cuidava dos irmãos mais novos enquanto esses não completassem a idade de trabalhar na roça, 5 anos. Nada de escola: a enxada era nosso lápis e o chão, nosso caderno”, lembrou Elias.
A vida piorou ainda mais quando o pai abandonou a família. “A seca castigou a cidade. Não tinha mais vegetação. Um dia acordei e vi minha mãe chorando. Meu pai não estava mais lá. Ficamos nós e os sacos de arroz, milho e farinha da safra passada. Minha mãe não aguentava ver os vizinhos passando fome e dividia o pouco que tínhamos com eles. Tivemos que vender nossa casa. Mas o dinheiro só deu para pagar as dívidas. O novo dono nos deu 30 dias para sair de lá”, relatou Elias, com os olhos cheios d´água.
Retirante
Maria queria tirar os filhos do pesadelo. Veio sozinha a Brasília para conseguir trabalho, mesmo sem ter onde morar. “Eu vou, mas volto logo para buscar vocês. Conforme o alimento for acabando, façam o revezamento”, ordenou a mãe. O revezamento era assim: dividiam-se os alimentos pelos dias do mês. Se a quantidade de comida durasse 20 dias, os outros 10 seriam de fome.
Para isso não acontecer, as alternativas eram: comer dia sim, dia não. Os mais velhos deviam abrir mão do alimento para os mais novos comerem. “Foram oito dias de fome. No primeiro dia, você sente uma dor terrível no estômago. Depois, essa dor triplica. Você sente calafrios, a boca seca, a vista escurece. No quarto dia, a dor vai passando lentamente. Você perde os reflexos. Começa a ver miragens. Não sente mais a língua na boca. É a morte chegando.”
A mãe só conseguiu voltar um mês depois. Encontrou os filhos quase mortos. Elias precisou ser internado. Depois, seguiram para Brasília. “Eu nunca tinha andado de ônibus, nem meus irmãos. Nunca tinha ido à cidade, nem visto um carro. Meu coração batia muito forte”, lembrou. No momento da partida rumo à capital, Elias começava a reescrever o próprio destino.
Viveu uma via-crúcis particular. “Chegamos em 23 de dezembro, à noite. A cidade iluminada pelas luzes de Natal nunca saiu de minha memória. Confesso que a claridade mais forte que eu conhecia era de lamparina. Quando vi aquela quantidade de luz, antecipei a frase de Renato Russo: ‘Meu Deus, mas que cidade linda’. Os letreiros do Conjunto Nacional me deixaram fascinado”.
Desabrigados
Mas a alegria durou pouco. “Meu irmão de 14 anos conseguiu emprego em uma fazenda. Nós poderíamos morar lá. Só por isso minha mãe buscou os filhos. Mas quando chegamos, o dono da fazenda mudou de ideia. Disse que era criança demais. Assim, fomos para a Rodoviária.” Lá, a mãe de Elias, Maria, conheceu um grupo de retirantes na mesma situação.
“Minha mãe chorava muito, eu ficava inconformado. Um dia, escondido, eu saí para pedir comida com o pessoal. Uma senhora de olhos azuis me atendeu. Fiquei nervoso, com fome, desmaiei. A mulher era médica. Me deu roupa e sapatos do filho dela para calçar. Me levou para casa. Deu emprego para minha mãe. Dona Marília mudou nossas vidas.”
Elias, aos 8 anos, começou a tomar conta do jardim da casa de dona Marília. “Um dia ela perguntou o que gostaria de ganhar como presente de Natal. Eu nem sabia o que era Natal, respondi que queria um carrinho de mão, ela achou estranho. Mas eu queria trabalhar.” Com o carrinho, Elias fazia frete na feira, melhorava o jardim e catava estrume no cerrado para fazer adubo. “Mas eu via crianças indo à escola e pensava: alguma coisa boa tem lá.”
Vitória
Somente em 1982, aos 16 anos, Elias pisou em uma escola pela primeira vez. Alfabetizou-se em um colégio público do Guará. Depois de aprender a ler e a escrever e começar um supletivo, Elias decidiu ensinar aos idosos na própria casa. “Eu queria que as pessoas experimentassem o mesmo que eu.” Um amigo soube da iniciativa e presenteou Elias com um livro de Paulo Freire, chamado Pedagogia do oprimido. “Toda a minha história estava ali. O livro mudou a minha vida. Falava algo assim: ‘O oprimido hospeda em si o opressor. A única forma de expelir isso de você é o conhecimento’”.Desde então, Elias e a esposa, Herlis, dedicam-se a levar conhecimento para idosos e adultos, em São Sebastião. As aulas ocorrem na garagem de casa, das 19h às 21h. O método é o construtivismo. “Aluno e professor devem construir alguma coisa nova. A bagagem cultural de quem estuda é levada em consideração. Ler e escrever é um detalhe, o mais importante é a mudança de consciência”, avalia. Em março, Elias concluiu o curso superior de pedagogia, graças a uma bolsa de estudos. Agora, segue rumo à pós-graduação. Ele não para, o conhecimento também não. Em breve, uma unidade da Casa de Paulo Freire será inaugurada em Ceilândia
Leilane Menezes
Correiobraziliense.com.br
Irmãos de cores diferentes chamam atenção, mas não surpreendem cientistas
As irmãs britânicas Sonia e Sharon Harris, que são mestiças, têm duas crianças cada uma: uma de pele morena e cabelos e olhos escuros; outra, loira de olhos azuis.
Fotos da família miscigenada estamparam diversos jornais britânicos esta semana, mas para o professor de Genética da Universidade de Leicester Mark Jobling, isso é algo previsível.
"Em uma família de fenótipo (características físicas, morfológicas e fisiológicas) misto como esta, há múltiplas combinações possíveis. É como embaralhar as cartas de um baralho", explicou ele à BBC Brasil.
Tanto Sharon Harris como a irmã Sonia Brown se casaram com homens brancos e acabaram com crianças completamente diferentes uma da outra.
Segundo o geneticista, Sharon e Sonia têm tanto genes de pele clara como de pele escura, já que são fruto de uma relação multirracial. As crianças brancas herdaram os genes de pele clara da mãe, enquanto as crianças pardas herdaram os genes de pele negra maternos.
"Sabemos que há cerca de doze genes que definem a cor da pele e alguns deles também têm influência sobre a cor dos cabelos e dos olhos. É a combinação desses genes herdados do pai e da mãe que vai definir a aparência dos filhos."
"Dez vez em quando, teremos combinações genéticas incomuns que vão gerar crianças muito brancas ou de pele muito escura", diz Jobling.
POLÊMICA
Tanto Sonia como Sharon se casaram com homens brancos. Os filhos de Sonia, Cameron e Kyle, ambos com cinco anos, são gêmeos e já começaram a causar polêmica na hora do nascimento.
"Eu fiquei chocada quando os meninos nasceram. Cameron (o menino moreno) saiu primeiro e logo depois vimos umas perninhas e um bumbum brancos. Eu pensei 'o que aconteceu?'", disse Sonia.
"As pessoas não percebem que eles são gêmeos inicialmente e, apesar de eles não serem idênticos, quando eu digo que eles são gêmeos, eles veem as semelhanças."
Sharon diz que as suas filhas, Paige, 7, e Kayleigh, 5, também geram reações engraçadas na rua.
"As pessoas nunca acham que elas são irmãs, assumem que são amigas. Quando descobrem, ficam surpresas por elas serem tão diferentes, mas não posso culpá-las. Eu também levei um susto quando a Kayleigh nasceu tão clarinha. Você sempre acha que seus filhos vão ser parecidos", disse ela à BBC.
As diferenças na aparência nem sempre, entretanto, se refletem na carga genética. "Muito provavelmente, se formos estudar o DNA da menina loura (Kayleigh), vamos encontrar marcadores vindos da África. Então, geneticamente, as crianças podem ser muito parecidas. A diferença está nas características que se manifestaram em cada uma delas", diz Juan Lerena, médico geneticista do Fiocruz (Instituto Fernandes Figueira), no Rio de Janeiro.
Apesar da pouca idade, as crianças já demonstraram curiosidade sobre as diferenças físicas entre eles. "As meninas às vezes perguntam por que uma delas tem pele escura e a outra, clara. Eu respondo que a Paige parece comigo e a Kayleigh parece com o pai", disse Sharon.
"A definição destas características físicas acontece em uma espécie de loteria", diz o professor Mark Jobling.
CASO DUPLO
No caso de Dean Durrant e Alison Spooner, a loteria veio em dose dupla. Em 2001, eles tiveram as gêmeas Lauren e Hayleigh. Uma puxou os olhos azuis e cabelos ruivos da mãe, a outra se parece com o pai, que tem origem caribenha.
Em 2008, Alison engravidou de gêmeas novamente e quando as bebês Miya e Leah nasceram, eles não podiam acreditar no que viam. Myia nasceu com a pele escura do pai e Leah, branca como a mãe.
"Não acreditávamos que isso fosse possível quando tivemos Lauren e Hayleigh. Nem passou pelas nossas mentes que pudesse acontecer de novo. Mas estamos muito felizes que tenha acontecido", disse Dean Durrant, na época.
ESCOLA
Um outro par de gêmeas que criou polêmica ao nascer, começou a ir para a escola este ano e voltaram a aparecer nos jornais britânicos. Marcia e Millie Biggs eram quase idênticas quando vieram ao mundo, em 2006, mas a diferença entre elas logo ficou aparente.
Marcia tem cabelos claros e olhos azuis, como a mãe, e Millie tem cachos negros e pele escura, como o pai.
Segundo os cientistas, é possível que casos como estes sejam mais comuns em países como a Grã-Bretanha, que tem uma miscigenação mais recente.
Em países como o Brasil, também há irmãos com cor de pele diferentes, mas as variações na aparência tendem a não ser tão radicais.
"Um dos principais genes na definição de cor de pele é o MC1R. Na população de origem africana, ele funciona perfeitamente, já que a pele escura era altamente vantajosa naquele continente. Nos europeus, o gene é defeituoso e gera a pele clara, mais apropriada para o clima na Europa", explica Jobling. "Mas ainda não entendemos completamente como as combinações destes traços complexos acontecem. É um estudo que está em andamento."
BBC Brasil
Cadeirantes andam com ajuda de exoesqueleto
Uma novidade lançada nesta quinta-feira promete devolver a capacidade de andar a cadeirantes. O exoesqueleto eLEGS é alimentado por bateria e se baseia em sensores que captam os movimentos humanos.
O aparelho se ajusta ao corpo de indivíduos entre 1,60 m e 1,95 m, com peso médio de 99 kg. A caminhada pode chegar a uma velocidade de cerca de 90 centímetros por segundo.
Primeiro, o dispositivo deve ser usado em centros de reabilitação, e até 2013, a empresa Berkeley Bionics deve comercializá-lo em larga escala.
Folha.com.br
Marcadores:
cadeirante,
exoesqueleto,
saúde,
tecnologia
Maracujá é eficaz contra a ansiedade, dizem pesquisadores
Uma revisão de estudos sobre o uso de suplementos nutricionais para tratar ansiedade encontrou evidências da eficácia de substâncias como extratos de maracujá e de kava e em combinações de aminoácidos.
Em artigo publicado no "Nutrition Journal", os pesquisadores afirmam que esses suplementos são eficazes e apresentam pouco risco de efeitos colaterais.
Na revisão, foram comparados dados de 24 estudos, envolvendo um total de mais de 2.000 pessoas.
No trabalho também foi observado que a popular erva de São João e os suplementos de magnésio não têm bons resultados contra ansiedade.
Para os autores, é preciso fazer mais pesquisas para estabelecer as doses mais eficazes das substâncias que apresentaram resultados satisfatórios.
A pesquisa foi realizada por uma equipe da Global Neuroscience Initiative Foundation.
Folha.com.br
Montaria reabilita vítimas de derrame, mostra estudo da Unicamp
Quando perdeu os movimentos do lado esquerdo do corpo, o mestre de obras João Batista Cerqueira Viana não sabia se iria voltar a andar a pé. Muito menos a cavalo.
Mas foi em cima da montaria que ele recuperou sua capacidade motora, comprometida por um derrame.
Viana, 61, foi um dos pacientes avaliados em uma pesquisa sobre o uso da equoterapia na recuperação de vítimas de AVC (acidente vascular cerebral).
A pesquisa, apresentada na Unicamp como tese de mestrado da fisioterapeuta Fernanda Beinotti, mostrou que o uso terapêutico da montaria em cavalos, além de ser eficaz, pode dar resultados mais rápidos do que a fisioterapia convencional.
Segundo Beinotti, não há na literatura científica nenhum trabalho controlado sobre o uso em adultos que sofreram derrame. "Já vi relatos de casos isolados mostrando melhoras. Quis fazer um estudo com mais pessoas e um grupo controle."
A fisioterapeuta selecionou pacientes que tinham tido derrame havia mais de um ano e que não apresentavam outras doenças, como hipertensão ou diabetes. Todos tinham grau de comprometimento motor semelhante: já conseguiam andar, embora não com marcha normal.
Durante 16 semanas, metade dos voluntários recebeu três sessões de 30 minutos semanais de fisioterapia convencional. A outra metade realizou, na mesma duração, duas sessões de fisioterapia e uma de equoterapia.
Foram dez participantes em cada grupo. "Não é um número grande, mas, pela primeira vez, foi usado grupo de controle. Além disso, a padronização [das condições dos pacientes e dos tratamentos] permite algumas conclusões mais objetivas."
RESULTADOS
Segundo Beinotti, os resultados mais significativos foram a recuperação da habilidade de contrair e relaxar os flexores plantares (músculos dos pé), a melhora nos movimentos da perna, a melhora no equilíbrio e no padrão da marcha (forma de andar).
O neurologista Eduardo Mutarelli, do hospital Sírio-Libanês, vê lógica nesse processo de reabilitação, mas desconhece outros trabalhos sobre a ação da equoterapia em casos de derrame. "Essa é uma pesquisa pequena."
Para Mirto Prandini, chefe do departamento de neurologia e neurocirurgia da Unifesp, a pesquisa mostra boas possibilidades. "Como no estudo, vítimas de derrame que não têm outras doenças podem ser beneficiadas."
IARA BIDERMAN
Folha.com.br
Mas foi em cima da montaria que ele recuperou sua capacidade motora, comprometida por um derrame.
Viana, 61, foi um dos pacientes avaliados em uma pesquisa sobre o uso da equoterapia na recuperação de vítimas de AVC (acidente vascular cerebral).
A pesquisa, apresentada na Unicamp como tese de mestrado da fisioterapeuta Fernanda Beinotti, mostrou que o uso terapêutico da montaria em cavalos, além de ser eficaz, pode dar resultados mais rápidos do que a fisioterapia convencional.
Segundo Beinotti, não há na literatura científica nenhum trabalho controlado sobre o uso em adultos que sofreram derrame. "Já vi relatos de casos isolados mostrando melhoras. Quis fazer um estudo com mais pessoas e um grupo controle."
A fisioterapeuta selecionou pacientes que tinham tido derrame havia mais de um ano e que não apresentavam outras doenças, como hipertensão ou diabetes. Todos tinham grau de comprometimento motor semelhante: já conseguiam andar, embora não com marcha normal.
Durante 16 semanas, metade dos voluntários recebeu três sessões de 30 minutos semanais de fisioterapia convencional. A outra metade realizou, na mesma duração, duas sessões de fisioterapia e uma de equoterapia.
Foram dez participantes em cada grupo. "Não é um número grande, mas, pela primeira vez, foi usado grupo de controle. Além disso, a padronização [das condições dos pacientes e dos tratamentos] permite algumas conclusões mais objetivas."
RESULTADOS
Segundo Beinotti, os resultados mais significativos foram a recuperação da habilidade de contrair e relaxar os flexores plantares (músculos dos pé), a melhora nos movimentos da perna, a melhora no equilíbrio e no padrão da marcha (forma de andar).
O neurologista Eduardo Mutarelli, do hospital Sírio-Libanês, vê lógica nesse processo de reabilitação, mas desconhece outros trabalhos sobre a ação da equoterapia em casos de derrame. "Essa é uma pesquisa pequena."
Para Mirto Prandini, chefe do departamento de neurologia e neurocirurgia da Unifesp, a pesquisa mostra boas possibilidades. "Como no estudo, vítimas de derrame que não têm outras doenças podem ser beneficiadas."
IARA BIDERMAN
Folha.com.br
Marcadores:
derrame,
equoterapia,
saúde
Assinar:
Postagens (Atom)