Para passar no vestibular, o estudante deve buscar uma resposta certa para cada questão. Quando entra na faculdade, porém, ele aprende que não existe uma única solução para cada problema.
Pelo menos é o que ensinam as disciplinas que têm como objetivo desenvolver o pensamento crítico, o raciocínio lógico e a criatividade, oferecidas por faculdades logo no início da graduação.
Os nomes das matérias --tão criativos quanto o comportamento pregado-- variam, mas todas pretendem mudar o modo de pensar.
A Faap implantou há dois anos no seu curso de administração a "Metodologia do Pensamento Produtivo". A principal fonte de inspiração é o livro "Pense Melhor", de Tim Hurson (Editora DVS), que usa animais para descrever barreiras ao pensamento.
A "mente de macaco", por exemplo, é a imagem da ausência de concentração. O "cérebro reptiliano" é o nome dado à reação impulsiva.
As analogias fazem sucesso entre os alunos. Denis Feitosa, 22, diz que as aulas o ajudaram a lidar melhor com as pessoas e a ser mais criativo. "Antes, era mais tímido."
Ensinar o aluno a tomar decisões baseadas na lógica é outra preocupação comum. Na Fecap, a disciplina "Lógica" pretende "desenvolver a capacidade de pensar, ler e escrever de forma crítica e logicamente sustentável", diz Luiz Guilherme Brom, superintendente da faculdade.
A Aiec oferece a disciplina "Processo Decisório e Criatividade" no primeiro semestre de seu curso de administração a distância, que recebeu nota máxima do Ministério da Educação.
"[A matéria] tira os bloqueios que a escola põe", diz Vicente Nogueira Filho, presidente da Aiec.
A visão é compartilhada por Carolina da Costa, coordenadora do Núcleo de Estudos da Dinâmica do Ensino e Aprendizagem do Insper, que ensina "Lógica e Ética". "O aluno chega com pouca tolerância à ambiguidade."
Base cultural
Na Ibmec do Rio, a disciplina "Pensamento Critico, Lógica e Argumentação" faz parte de um programa de formação de lideranças. Além de quatro matérias, o programa inclui visitas a ateliês e projetos sociais, além de encontros com líderes.
"Esse alargamento cultural tem o objetivo de trazer novas visões de mundo", diz Flávia Cavazotte, coordenadora do programa.
Para Jaime Pinsky, professor da Unicamp e diretor da Editora Contexto, as referências culturais são, de fato, a melhor maneira de estimular a criatividade.
Isso porque de nada adianta dar conselhos que caem no senso comum e não usar as disciplinas já existentes para desenvolver competências, afirma Nilson José Machado, professor da USP e autor de "Jogo e Projeto" (Editora Summus).
FABIANA REWALDFolha.com.br
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