As longas filas de espera por um transplante de córnea podem estar com os dias contados. Cientistas conseguiram recriar essa camada ocular em laboratório, eliminando a necessidade de um doador para a cirurgia.
Nos primeiros testes, a córnea biossintética recuperou completamente a capacidade de enxergar em seis dos dez pacientes, que tinham lesões ou doenças na córnea.
Em todos os casos, as terminações nervosas voltaram a crescer, e o novo tecido foi completamente incorporado ao organismo.
Segundo os pesquisadores, o método acabou com dois dos principais problemas do transplante convencional: a rejeição ao tecido e a necessidade de tratamento de longo prazo com drogas que diminuem essa rejeição.
As córneas biossintéticas também recuperaram a sensibilidade ao toque e voltaram a permitir a presença de lágrimas, que lubrificam os olhos e evitam problemas como infecções.
"Esta é a primeira vez que um trabalho mostra uma córnea criada artificialmente se integrando ao olho e estimulando a regeneração", afirmou May Griffith, da Universidade de Ottawa (Canadá), uma das líderes do estudo publicado na revista "Science Translational Medicine".
DUAS SEMANAS
A criação do tecido artificial leva duas semanas. Cientistas sintetizam o colágeno, proteína que é um dos principais componentes da córnea natural, em laboratório.
A criação do tecido artificial leva duas semanas. Cientistas sintetizam o colágeno, proteína que é um dos principais componentes da córnea natural, em laboratório.
O colágeno, então, é moldado para ter formato e consistência muito parecidos com os de uma lente de contato convencional. O processo leva duas semanas.
Na cirurgia, os médicos fazem um corte circular e retiram o centro danificado da córnea. O novo tecido é então "costurado" ao que sobra da córnea natural. O tempo de operação é quase o mesmo dos atuais transplantes.
"É um método muito promissor e com grandes chances de sucesso", disse Renato Ambrósio Jr., da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.
Na sua opinião, porém, são necessários testes. "Só com um número maior de pacientes, com diferentes condições, poderemos dizer se é realmente eficaz."
Como os trabalhos estão muito no início, a técnica não deve chegar a hospitais em menos de dez anos.
GIULIANA MIRANDA
Folha.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário