A filosofia também serve para as seleções. Participar de ações sociais pode desempatar candidatos com qualificações parecidas.
Entre uma pergunta e outra durante a entrevista, o recrutador questiona sobre prestação de trabalho voluntário. Cuidado! A resposta pode garantir a sua vaga. Engana-se quem acredita que só os cursos de qualificação chamam a atenção de um profissional de recursos humanos. Várias empresas, principalmente as que desenvolvem projetos sociais, querem profissionais que pensam no próximo. Evidentemente que um bom currículo continua fazendo a diferença. Mas a ida regular a instituições de caridade, por exemplo, pode desempatar os documentos.
Recentemente, Marillac de Castro fez a pergunta durante um processo seletivo para uma vaga de trainee. “A empresa fez essa exigência na hora da seleção”, explica. A consultora da Intellijob alerta que, em um momento como esse, o importante é falar a verdade, mesmo que a resposta não agrade o recrutador. “Nem todos têm tempo para fazer esse tipo de trabalho”, justifica. “Também é importante que a pessoa tenha trabalhado ativamente. Se ela só fez a atividade uma vez ou não teve uma participação ativa, talvez não seja uma boa ideia mencionar a experiência.”
O profissional também pode destacar, no currículo, que se interessa por trabalho voluntário, mesmo sem nunca tê-lo praticado. Quem já participou deve informar, no documento, o nome da entidade beneficiada, a atividade realizada e a duração do trabalho. Carmen Cavalcanti aponta quais empresas gostam dessa informação. “O mais comum é que companhias maiores recrutem esses profissionais”, diz. Por isso, a diretora da Rhaiz Soluções em RH sugere que os candidatos procurem saber se a companhia valoriza esse tipo de ação antes de enviar o currículo ou de participar de uma entrevista. “Dependendo dos valores e da cultura, esse dado não chama a atenção”, explica.
Não é o caso do Itaú. Nas seleções feitas pelo banco, saem na frente os candidatos que já participaram de ações sociais. “Entre dois profissionais qualificados, a empresa tende a escolher aquele que possui essa visão mais ampla”, informa Valéria Riccomini, diretora da Fundação Itaú Social. Para despertar o interesse social dos seus colaboradores, a fundação mantém o programa de voluntariado desde 2003. Segundo Valéria Riccomini, 9 mil pessoas já participam espontaneamente dos projetos. “A participação acontece em todos os níveis da empresa: diretores, funcionários das agências e familiares dos colaboradores. Todos ajudam a desenvolver ações”, explica.
Milene Ossuna é uma delas. A gerente da plataforma de Atendimento a Empresas juntou-se a outras 700 pessoas, entre funcionários e parentes de colaboradores do Itaú, para reformar, em junho deste ano, um lar de crianças em situação de risco. “Depois que fiz essa ação, vejo o mundo diferente”, conta. A preocupação com o outro é levada em conta quando Milene precisa mexer em sua equipe. “A atividade pesa no currículo do profissional”, sentencia.
E se o candidato conseguir um emprego destacando o voluntariado é preciso ficar atento. Segundo Marillac de Castro, esses profissionais podem ser convidados para participar de projetos dentro da companhia. “Existem empresas que desenvolvem ações sociais e podem pedir a participação dos funcionários. Por isso, existe a importância de não realizar essas atividades apenas para impressionar o empregador”, avisa.
Lorena Menezes, 21 anos, até quer encher os olhos dos chefes, mas no futuro. A estudante de psicologia da Universidade de Brasília é voluntária do Abrigo Nosso Lar. Há seis meses, nas quintas-feiras, é possível encontrá-la brincando com as crianças ao mesmo tempo em que desenvolve suas habilidades profissionais. “Com esse trabalho, posso colocar em prática tudo o que aprendemos em sala de aula. É uma experiência que, com certeza, vai para o meu currículo”, avalia.
Faça a coisa certa
» Antes da entrevista, pesquise se a empresa tem algum tipo de programa social. Às vezes, ações voluntárias não fazem diferença para a organização. Nesse caso, é melhor nem falar sobre elas
» No currículo, informe o trabalho voluntário no campo destinado a outras atividades
» Não tente impressionar o recrutador inventando que participa de projetos sociais. O ideal, inclusive, é que você detalhe a experiência, informando o que fez, em que período e em que instituição
» Se não tiver experiências voluntárias, não fique com medo de assumir isso. Lembre-se de que a atividade não é obrigatória. E se houver interesse em fazê-la, comente a sua intenção, sabendo que você pode ser convidado a participar de projetos da empresa
Correiobraziliense.com.br
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