Uma nova geração de próteses possibilita mexer os membros artificiais com a força do pensamento. Os movimentos são feitos de forma intuitiva e simultânea -como um membro natural.
A tecnologia, batizada de TMR (em inglês, "targeted muscle reinnervation", algo como reenervação muscular seletiva), utiliza nervos que restaram no membro amputado para controlar a prótese.
O paciente que perdeu o braço passa por uma cirurgia que liga os nervos à musculatura do peito. Segue-se um processo de reenervação, que pode durar vários meses. Eles crescem e se adaptam ao músculo, que receberá a informação do cérebro.
A contração desse músculo segue, então, um novo esquema relacionado ao membro fantasma. Eletrodos transmitem os dados a um computador dentro da prótese, que faz os movimentos.
Por enquanto, o protótipo -apenas de braço- está sendo testado em dois pacientes, nos EUA e na Áustria.
"A TMR é uma opção para qualquer paciente, mas nos mais jovens o processo curativo é mais fácil", diz Andreas Kannenberg, diretor de assuntos médicos da Otto Bock, empresa alemã que pesquisa a TMR. Ele veio ao Brasil para um treinamento.
"No entanto, trata-se de uma tecnologia muito cara e que requer procedimento cirúrgico", reconhece ele.
"Muita gente não recebe a prótese que precisa", diz Henrique Grego, secretário da Associação Brasileira de Ortopedia Técnica. A cada ano, 45 mil brasileiros, em média, precisam colocar próteses, readequá-las ou utilizar muletas, cadeiras de rodas etc.
A maior parte das amputações é de membros inferiores, principalmente devido a complicações do diabetes e acidentes de trânsito.
"Talvez nem todos os pacientes precisem de algo tão sofisticado, mas o futuro caminha para isso", avalia Therezinha Rosane Chamlian, fisiatra da Universidade Federal de São Paulo.
GABRIELA CUPANI
Folha.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário