Coisas legais acontecem o tempo todo em nosso mundo. Por que cultivar assuntos tristes, pessimistas e violentos, se há tanta coisa interessante ao nosso redor? Por que não ter acesso a informações legais, iniciativas bacanas, notícias que mostram ações construtivas?

Este espaço busca reverter o "efeito noticiário" (aquela depressão que dá ao final de um telejornal, após lermos as manchetes na internet, ou após lermos um jornal qualquer). Aqui podem ser encontrados assuntos diversos que versam sobre temas
alegres, construtivos, leves, bons e divertidos.


Você tem alguma coisa legal para compartilhar? É só enviar o conteúdo para omundoelegal@gmail.com. Todos estão convidados a participar e ajudar a reverter o "efeito noticiário".

Você vai ver como o mundo é muito legal!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Entidades que combatem corrupção lançam site com candidatos ficha limpa


A partir de amanhã (29), os eleitores de todo o país poderão consultar na internet a relação dos políticos, cujas candidaturas estão enquadradas nas exigências da chamada Lei da Ficha Limpa, que impede a disputa de cargos eletivos a quem tenha sido condenado em decisão colegiada (por mais de um juiz).

Disponível no endereço eletrônico http://www.fichalimpa.org.br/, o site é uma iniciativa da Articulação Brasileira Contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci), o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e o Instituto Ethos.

As informações e os documentos que comprovem que o candidato se inclui entre os fichas limpas deverão ser apresentados voluntariamente pelo próprio político. Os eleitores interessados, contudo, poderão questionar o teor dos dados apresentados, denunciando eventuais contradições no próprio site.

A nova ferramenta também permitirá aos políticos darem maior transparência às doações recebidas, informando semanalmente a origem e o montante dos recursos obtidos e os gastos feitos no período. Pela legislação eleitoral em vigor, o candidato só precisa prestar contas aos tribunais eleitorais 30 dias após o término da eleição.

De acordo com o presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew, a iniciativa pode ajudar a coibir a prática do chamado caixa 2 nas campanhas. Já para o vice-presidente do instituto, Paulo Itacarambi, a divulgação das doações alimentará também o debate sobre o papel desempenhado pelas empresas doadoras e seu apoio a candidatos que respeitem ou não valores éticos.

“As empresas, com o financiamento, têm uma forte influência nos resultados. E assim [com o site] a sociedade terá a oportunidade de saber e questionar a empresa que, porventura, financiar um determinado candidato, que esteja sendo denunciado. Passará a haver um debate envolvendo um outro importante ator das eleições, as empresas”, disse Itacarambi, durante a apresentação do site à imprensa, em São Paulo.

Agência Brasil
Correibraziliense.com.br

Londres inaugura hoje programa de aluguel de bicicletas públicas


Um programa de aluguel de bicicletas públicas começou a operar nesta sexta-feira na capital britânica, Londres.

Até agora, mais de 11 mil pessoas se registraram para usar as 5.000 bicicletas que estão sendo disponibilizadas em estações especiais em vários locais da cidade.

A organização Transport for London (TfL), que coordena o transporte da capital, disse que mais de 12.450 chaves foram entregues para que os londrinos que se cadastraram possam destrancar as bicicletas deixadas em mais de 330 estações.

Várias pessoas pediram mais de uma chave. Os ciclistas precisam ativar as chaves pela internet ou pelo telefone para poder retirar as bicicletas.

As chaves custam 3 libras (R$ 8) e o aluguel das bicicletas varia de uma libra (R$ 2,7) por uma hora de uso até 50 libras (R$ 137) por 24 horas.

A TfL e a operadora Serco, que coordena o programa, esperam expandir o aluguel das bicicletas para usuários não registrados em um mês.

da BBC Brasil
Folha.com.br

Casais gays poderão incluir companheiro no Imposto de Renda


A Receita Federal aprovou parecer que dá direito a homossexuais de incluir o companheiro ou companheira como dependente na declaração do Imposto de Renda. O parecer 1.503/2010 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional foi aprovado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e será publicada até segunda-feira no "Diário Oficial da União".

De acordo com o parecer, é necessário que o casal tenha vida em comum por mais de cinco anos para conseguir a inclusão --a Receita poderá notificar o contribuinte para checar a informação.

O parecer é resultado de uma consulta feita por uma servidora pública que desejava incluir a companheira --isenta no Imposto de Renda-- como sua dependente. Com ela, abre-se precedente para outros casais na mesma situação.

Com base no princípio da isonomia de tratamento, o parecer afirma que a legislação prevê a inclusão de companheiros heterossexuais de uniões estáveis como dependentes no Imposto de Renda e que o mesmo deve ser garantido aos parceiros homoafetivos. "O direito tributário não se presta à regulamentação e organização das conveniências ou opções sexuais dos contribuintes (...) A afirmação da homossexualidade da união, preferência individual constitucionalmente garantida, não pode servir de empecilho à fruição de direitos assegurados à união heterossexual", diz o parecer.

A decisão ocorre após outros órgãos já terem se posicionado sobre o tema, apesar de não existir lei que reconheça formalmente a união estável de casais gays no Brasil.

Em abril, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que casais formados por homossexuais têm o direito de adotar filhos. Em junho de 2008, a Advocacia-Geral da União deu parecer favorável ao reconhecimento de união entre casais gays.

SOFIA FERNANDES
Folha.com.br

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Longa refaz história da MPB a partir da grande final do festival de 1967


É impossível esquecer aquela noite. Ao mesmo tempo, como é difícil recordá-la.

A final do 3º Festival da Música Popular Brasileira, exibida pela Record em 21 de outubro de 1967, ficou congelada na memória do público como um momento único.

Para seus protagonistas, porém, se foi alegria, foi também perturbação. É isso que revela, quatro décadas mais tarde, "Uma Noite em 67", documentário de Renato Terra e Ricardo Calil, crítico de cinema da Folha.

Por meio dos arquivos da TV Record e de depoimentos de quem estava lá, o filme revê um momento que iria se provar fundamental para a forma que assumiria, a partir dali, a música brasileira.

Há Chico Buarque ("Roda Viva"), Caetano Veloso ("Alegria, Alegria"), Gilberto Gil ("Domingo no Parque") e Roberto Carlos ("Maria, Carnaval e Cinzas") a defender suas canções. E há todos eles a rememorar aquela noite.

"Eu era um fantasma no palco", diz Gil, que caiu de cama, em pânico, horas antes da apresentação.

INTIMIDADE
É desses reencontros profundos com o passado que se constitui o filme. Fica claro que os diretores sabiam que muitos, como Caetano e Gil, tiveram suas falas sobre aquela noite banalizadas, tamanha a quantidade de entrevistas dadas a respeito.

Tinham também em mente que outros, como Chico e Roberto, dificilmente baixariam a guarda. "Era fundamental criar uma cumplicidade. Nós nos preparamos muitos e tentamos ser delicados, respeitosos", diz Calil.

Com isso, arrancaram de cada um momentos de graça, emoção e intimidade, como raras vezes se veem na tela.

"Ao ver o filme, assustei-me mais com suas revelações do que em me ver naquela agonia de não poder mostrar uma música", diz Sergio Ricardo que, impedido pelo público de cantar "Beto Bom de Bola", atirou a viola à plateia. O filme traz à luz a cena inteira, e não apenas a explosão. "Me sinto de alma lavada."

Há também um quê de acerto de contas no que sente Marília Medalha, que cantou, com Edu Lobo, "Ponteio", a grande vencedora da disputa de jovens gigantes.

"Fui espoliada após o festival, não só por pessoas da música, mas também por artistas do universo teatral", diz. "Com o AI-5 [1968], o negócio piorou muito. Num show com Vinicius [de Moraes], fui proibida de cantar 'Ponteio'. Não descobri se era por causa da música ou por saberem que tinha vínculos com presos políticos", diz.

A entrevista com Medalha, como dezenas de outras --entre elas as de Ferreira Gullar, Chico Anysio, Arnaldo Batista, Martinho da Vila--, ficou fora do corte final do filme. Estarão todos no DVD.

A opção de concentrar-se nas cinco primeiras classificadas faz com que cada canção seja vista de ponta a ponta. Por meio dessas imagens, o espectador não só conhece os maiores artistas da MPB quando jovens, como também visita os primórdios da TV. Ali, o cigarro em cena era tão natural quanto o jovem Chico, com 23 anos, apresentar-se de smoking.

ANA PAULA SOUSA
MARCUS PRETO
Folha.com.br

Reutilizar sangue do próprio paciente em cirurgia pode reduzir custos


Hospitais que coletam o sangue perdido por pacientes em cirurgias internas da emergência e o reutilizam no próprio paciente, em vez de usar o banco de sangue, podem cortar pela metade o número de produtos do sangue usados e reduzir custos, relata um estudo.

O uso do próprio sangue de um paciente, ou transfusão sanguínea autóloga, também reduz o risco de infecções e outras complicações associadas ao sangue doado, dizem os autores em seu artigo, publicado neste mês no "Archives of Surgery".

O custo geral de transfusões de sangue foi em média US$ 1.616 para pacientes que receberam transfusões autólogas, frente a US$ 2.584 para pacientes que só receberam produtos do banco de sangue, pois os pacientes que usaram seu próprio sangue exigiram apenas a metade das unidades de sangue do banco do que os outros pacientes, relata o estudo.

As estimativas de custos incluíram o custo agregado da coleta de sangue durante a cirurgia, que envolve sugar o sangue de hemorragias internas, coletá-lo num recipiente e passá-lo por um processo que separa e concentra as hemácias, que são então suspensas em solução salina e reinseridas no paciente.
"O processo é seguro e econômico, e deveríamos usá-lo com maior frequência", disse Carlos V.R. Brown, chefe de trauma do University Medical Center Brackenridge, em Austin, no Texas, e principal autor do estudo.

DO "THE NEW YORK TIMES"
Folha.com.br

Cirurgia de joelho ganha versão hi-tec


Acaba de chegar ao país uma cirurgia guiada por computador que ajuda ortopedistas a identificar com precisão como devem ser feitos os cortes nos ossos.

O objetivo é devolver a mobilidade ao joelho em casos de lesões nas articulações. Até agora, esse cálculo era feito a partir de exames de raio-X, com chances de erro.

O desgaste na cartilagem -causado por excessos na atividade física, acidentes, má formação etc.- acaba gerando uma sobrecarga na tíbia que, sem o amortecimento da cartilagem, se deforma.

Pacientes jovens não são candidatos à prótese, porque ela limita a atividade física. Nesses casos, recomenda-se a osteotomia -um corte no osso que realinha a posição do esqueleto, jogando o peso do corpo sobre a parte saudável. Isso pode retardar a colocação da prótese no joelho em dez anos.

Esse tipo de procedimento, que libera a pressão sobre a região desgastada, tem duas indicações principais: alivia a dor, quando a pessoa já enfrenta limitações, e evita que o osso se desgaste, quando ainda não há sintomas.

Até agora, o cirurgião decidia como fazer esse alinhamento a partir de cálculos.
Na nova técnica, chamada osteotomia por navegação, um equipamento reproduz no computador a perna e as articulações do paciente.

PRECISÃO MILIMÉTRICA
Em tempo real, o equipamento vai orientando a posição dos cortes a serem feitos e os ângulos entre os ossos.

"O sistema permite calcular o alinhamento com precisão de milímetros, o que faz a diferença", diz Waldo Lino Júnior, ortopedista que lidera o grupo da Beneficência Portuguesa que fez a segunda cirurgia do tipo no país (a primeira, dias antes, foi no Rio).

Um pequeno desvio basta para deixar a perna torta ou piorar a dor do paciente. "Temos meios de saber se a informação dada pelo equipamento está certa", diz Fabiano Nunes Faria, cirurgião da mesma equipe.

"Os resultados com a cirurgia tradicional são muito bons, mas essa é uma técnica inovadora, que vai ajudar a melhorar mais ainda o procedimento", diz Denys Aragão, do comitê de joelho da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

Mas, segundo ele, os pacientes devem ser muito bem selecionados: não podem ser obesos e devem ter desvio de alinhamento, por exemplo.

GABRIELA CUPANI
Folha.com.br

Anima Mundi chega a São Paulo com 452 filmes de 52 países


Em meio à onda do 3D, festival de animação chega à sua 18ª edição com 452 filmes de 52 países; sessão com seis documentários é novidade.

O Anima Mundi desembarca em São Paulo nesta quarta-feira (28) com uma programação que contemplará vários públicos, com sessões para os pequenos (Infantil), para quem adora sentir medo no cinema (Panorama Terror) e para quem quiser se aventurar pela cinematografia de outros países (África do Sul e Mostra UBA), entre outros.

Criado em 1993, o festival chega à sua 18ª edição com 452 filmes de 52 países --108 do Brasil--, que serão exibidos até 1º/8. As sessões ocorrem no Memorial da América Latina e no Centro Cultural Banco do Brasil.

Uma das novidades deste ano é a sessão Panorama Documentário, dedicada ao gênero, que inclui seis filmes, com temas que vão de artesanato na Índia à Guerra do Iraque.

"Você está falando de uma coisa que é verdade, e as imagens em animação podem retratar além da realidade", explica Marcos Magalhães, um dos diretores do festival.

Para a edição de 2011, Magalhães prevê ocupar uma sala 3D na mostra. "Ninguém vai conseguir escapar", diz ele. Neste ano, haverá uma única exibição com a tecnologia, de "Meu Malvado Favorito", no Espaço Unibanco Pompeia, no dia 30.

Festival tem animadores premiados
É de praxe do Anima Mundi trazer nomes importantes do cenário da animação. Hoje (28), às 19h, o canadense Cordell Barker participa do Papo Animado e apresenta "Runaway", premiado no ano passado, em Cannes. Logo depois, às 21h, quem conversa com o público é o inglês Daniel Greaves. É dele "Manipulation", que rendeu ao animador o Oscar e o Cartoon d'Or em Cannes, e "Flatworld". Mais informações no site http://www.animamundi.com.br/.

Rafael Balsemão
Folha.com.br

quarta-feira, 28 de julho de 2010

5ª MOSTRA CINEMA E DIREITOS HUMANOS TEM INSCRIÇÕES ABERTAS


Circuito de exibição chega este ano a 20 cidadesEstão abertas até 2 de agosto as inscrições para a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, evento dedicado a obras que abordam questões referentes aos direitos humanos produzidas recentemente nos países sul-americanos.

Uma realização da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, com produção da Cinemateca Brasileira e patrocínio da Petrobras, a Mostra acontecerá no período de 8 de novembroa 15 de dezembro de 2010.

O circuito de exibição, que em 2009 aconteceu em 16 capitais brasileiras, chega este ano a 20 cidades: Aracaju, Cuiabá, João Pessoa e São Luis, pela primeira vez, receberão a Mostra que se realizará também em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Teresina.

O evento é apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores, TV Brasil, Sesc São Paulo e Sociedade Amigos da Cinemateca.Podem participar obras realizadas em países da América do Sul finalizadas a partir de 2007 cujo conteúdo contemple aspectos relacionados aos direitos humanos. Não há restrição quanto à duração, gênero ou suporte de captação/finalização.
Regulamentos e ficha de inscrição podem ser acessados através do website http://www.cinedireitoshumanos.org.br/. Cópias em DVD - acompanhadas de sinopse, foto, ficha técnica e contato - devem ser encaminhadas até 2 de agosto para o seguinte endereço: 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul -Cinemateca Brasileira - Largo Senador Raul Cardoso 207 / 04021-070, São Paulo / SP.

Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (11) 3512.6102 ou pelo e-mail contato@cinedireitoshumanos.org.br.As obras mais votadas pelo público serão contempladas com o Prêmio Aquisição TV Brasil nas categorias longa, média e curta-metragem. Em 2009, foram contemplados o longa “Entre a Luz e a Sombra”, de Luciana Burlamaqui (Brasil), o média “Nunca Mais!!! Cochabamba, 11 de Janeiro de 2007” de Roberto Alem (Bolívia), e o curta “Além de Café, Petróleo e Diamantes”,de Marcelo Trotta (Brasil).

A programação da 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul tem curadoria do cineasta e curador Francisco Cesar Filho. Desde 2008, os filmes contemporâneos passaram a ser selecionados não apenas por meio de convite da curadoria, como nas duas primeiras edições do evento, mas também via seleção pública por meio de convocatória.

Em suas quatro primeiras edições, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul exibiu títulos realizados na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, consolidando-se como espaço de reflexão no qual os direitos humanos encontram-se com a expressão cinematográfica. Ao exibir a produção contemporânea sul-americana, o evento promove o encontro de cineastas, militantes e ativistas com o público de diversas regiões do país.

Grandes empresas investem em chances profissionais para ex-presos

A ressocialização de presos começa, enfim, a fazer parte das preocupações de grandes empresas. Petrobras e Usiminas são algumas das (poucas) companhias que estão investindo em novas chances profissionais para os chamados egressos.

A Usiminas decidiu, no ano passado, contratar 16 ex-presos como operadores de tratores, eletricistas e soldadores na mina de Itaúna. "Tivemos um demitido, uma média normal. Queremos contratar mais", diz Helena Pessin, superintendente de desenvolvimento humano da siderúrgica.

Em Minas, a contratação de ex-detentos é alvo do projeto Minas pela Paz, ação das dez maiores indústrias contra a violência. Desde o ano passado, o programa oferece a eles, por meio de parcerias, formação escolar e profissionalizante, além de estimular a criação de vagas. Um programa do governo mineiro cadastra os egressos interessados em trabalhar.

Em um ano, foram preparados 800 egressos e, destes, 300 foram contratados. Boa parte foi para os canteiros da construtora Masb, além da Usiminas. A Fiat também deve contratar em breve.

A Petrobras patrocina, há quatro anos, o projeto Incubadora de Empreendimentos para Egressos, com R$ 1,6 milhão por ano. Neste ano, 200 serão selecionados para o curso de formação de empreendedores, que ensina a administrar um negócio.

Ex-eletricitário, o carioca Fábio Lima fez uma única incursão no crime, que lhe rendeu um tiro e três anos de pena. Em 2007, saiu da cadeia e foi selecionado para o curso da Petrobras.

Durante dois anos, aprendeu a escolher fornecedores, controlar o caixa e cuidar da documentação e dos impostos. Enquanto isso, criou a Art Choco, que fornece doces para bufês de eventos. Trabalha com a mulher e emprega dois funcionários. "Antes a gente gastava e não via retorno. Agora, temos receita mensal de R$ 5.000 e lucro de R$ 2.000. Nem penso no que passou", diz Lima.

ESCASSEZ
O Ministério da Justiça não tem dados sobre egressos no país, mas, em Minas, calcula-se que 6.000 pessoas deixem a prisão por ano -apenas 2.000 buscam o cadastro do governo para emprego.

"Isso mostra a distância do que ainda precisa ser feito", diz Enéas Melo, coordenador do Minas pela Paz. Segundo Melo, 80% dos egressos voltam para o crime. "Quem tem oportunidade não tem recaída." Para ele, o preconceito das empresas ainda é forte --e injustificado.

SAMANTHA LIMA
Folha.com.br

terça-feira, 27 de julho de 2010

Canadá dá a gaúcho prêmio por inovação

"É errado achar que só o Brasil tem dificuldade para tornar comercial uma ideia que surge na universidade. Países como o Canadá também vivem esse drama."
Justamente por vencer a barreira que descreve, o gaúcho Leonardo Simon, da Universidade de Waterloo, apareceu na lista anual dos 40 canadenses com menos de 40 anos que fizeram algo relevante pelo país, elaborada pelo mais importante jornal de lá, o "Globe and Mail".

Exemplo da "fuga de cérebros", quando gente qualificada vai trabalhar no exterior, ele conseguiu fazer com que a Ford do Canadá usasse um plástico renovável, feito a partir de palha de trigo.

O COMEÇO
Por enquanto, o novo plástico é utilizado apenas em algumas peças do Ford Flex, um utilitário grande o suficiente para causar alguma culpa ambiental no proprietário. Simon acredita que seja só o começo. "O importante é que se tornou comercial. Continuamos trabalhando."

O "Globe and Mail" apresentou Simon com um texto empolgado, dizendo que ele está "revolucionando a composição dos plásticos". Já foram premiados o prefeito de Vancouver, vários empresários de sucesso e, nesta edição, até o diretor da Escola Nacional de Ballet do país.

Ele afirma que não está ficando rico. "Tenho salário de professor, vida confortável", diz. Aos 38 anos, não pretende voltar ao Brasil tão cedo.

Adaptou-se ao Canadá, onde vive há dez anos com a mulher, também brasileira e cientista. Há três anos tiveram um filho, que Simon leva para jogar futebol em um parquinho o qual, no inverno, é usado para patinação.

Ele não acha que o Brasil deveria lamentar sua ausência. "Agora o país tem alguém aqui para colaborar com suas universidades. Alguém que conversa em português e come churrasco, para quem a questão cultural não é uma barreira." Sem isso, o intercâmbio de projetos ficaria comprometido, diz.

RICARDO MIOTO
Folha.com.br

Teste de Audiência da Caixa apresenta nesta terça edição surpresa


Nesta terça-feira, a partir das 20h, a Caixa Cultural Brasília realiza mais uma sessão surpresa do Teste de Audiência. Na quarta temporada do projeto, o público já assistiu ao longa-metragem Trampolim do Forte (João Rodrigo Mattos) e aos médias-metragens Ratão, de Santiago Dellape, e Retrato de Família, de Marcelo Munhoz. Como de costume em outras edições, os cinéfilos só conhecerão o filme e o convidado da noite momentos antes da exibição.

A sessão surpresa começou a fazer parte do Teste de Audiência na temporada passada, quando os nomes dos filmes e dos diretores passaram a ser divulgados apenas no momento da exibição. Outra novidade foi a introdução dos Grupos Focais, em que os espectadores têm a oportunidade de participar de um debate fechado, mais aprofundado, sobre o filme. Os interessados em participar desta discussão devem enviar e-mail para grupofocal@testedeaudiencia.com.br e informar os seguintes dados: nome completo, sexo, idade, escolaridade, profissão, região da cidade onde reside, telefone residencial, telefone comercial, telefone celular e confirmação do endereço de e-mail.

As atividades começam com uma breve instrução sobre o funcionamento do Teste e logo após é anunciado o título do filme e seu diretor. Em seguida, inicia-se a projeção, momento em que os pesquisadores analisam as reações do público e preparam os questionários, que serão distribuídos assim que o filme terminar.

Dessa forma, os espectadores preencherão o questionário sob o impacto da primeira reação ao filme que acabaram de assistir. A etapa seguinte é o debate com o realizador. É o momento em que o cineasta tem a oportunidade de ouvir dos participantes manifestações diretas e espontâneas acerca do filme. O Teste de audiência é realizado no Teatro da Caixa Cultural com entrada franca, limitada à lotação máxima do teatro, que é de 409 lugares.

Correibraziliense.com.br

Novas próteses de articulações devem ter vida útil maior

A indústria das próteses articulares tem a missão de aumentar a durabilidade desses implantes e reduzir os transtornos das complexas cirurgias de troca.

Desde os anos 60, pacientes com desgaste nas articulações, em consequência de uma artrose, por exemplo, recebem próteses feitas de material plástico na sua maior parte, que desgasta.

A qualidade evoluiu, mas os pacientes não escaparam das revisões a cada 15 anos, em média. Ou seja, mais cirurgias e inconvenientes.

Com o aumento da expectativa de vida, as próteses de cerâmica que apareceram na década de 90 e as de metal -melhoradas em relação a décadas anteriores- são a esperança para adiar ou até eliminar as revisões.

Em testes de laboratório, o metal e a cerâmica mostraram menor desgaste em relação ao plástico, segundo o ortopedista Geraldo Motta, diretor-geral do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), órgão do Ministério da Saúde.

Na sede do instituto, no Rio, esses novos materiais já são usados em 30% das 1.200 cirurgias anuais.Porém, Motta afirma que "são necessários mais anos de observação para se comprovar as vantagens e a durabilidade em humanos."

Na opinião do ortopedista Ricardo Affonso Ferreira, do Instituto Affonso Ferreira, de Campinas, as próteses de última geração são mais vantajosas para pacientes mais jovens, em razão da intensa atividade física -o que desgasta a prótese- e porque têm muitos anos pela frente.

Já para idosos com mais de 65 anos a recomendação ainda é a prótese tradicional, que tem histórico conhecido.

O risco de acidentes com os materiais é considerado raro pela classe médica até agora. Em alguns poucos casos, é possível a cerâmica quebrar e o metal soltar partículas -o que também ocorre com o plástico.

A indústria cogita os novos materiais para outras articulações. O preço ainda é empecilho -um quadril de cerâmica custa mais de R$ 20 mil.

ETERNA
A aposentada Minde Hisgail, 74, é uma das que gostariam de eliminar as revisões.

A moradora dos Jardins usa articulação artificial de metal e plástico no quadril desde 1995 e, ao trocar peças em 2009, herdou uma infecção no corte que a deixou mais dias no hospital.

Depois, a prótese se deslocou enquanto Minde se vestia e precisou ser reajustada."Queria que a prótese fosse eterna", diz ela.

MÁRCIO PINHO
Folha.com.br

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A maior estrela do Universo


Uma equipe de astrônomos britânicos e alemães descobriu o que pode ser a maior estrela já vista no Universo. A enorme bola de gás flamejante flutuando em uma galáxia vizinha, a 165 mil anos-luz da Via Láctea, tem uma massa 265 vezes maior que a do Sol, com um diâmetro 30 vezes maior e luminosidade cerca de 10 milhões de vezes mais intensa. “Essa pode ser a mais pesada estrela já descoberta”, afirma o astrofísico que lidera a equipe de cientistas, Paul Crowther.

Batizada de R136a1, a estrela foi encontrada quando a equipe estudava detalhadamente dois aglomerados de estrelas, o NGC3603 e o RMC136 — o agrupamento onde está a estrela colossal —, usando o Telescópio Muito Grande (VLT, sigla em inglês), localizado no Havaí, bem como dados capturados pelo telescópio espacial Hubble. O grupo NGC3603 é chamado pelos astrônomos de “fábrica cósmica”, onde as estrelas se formam a partir de nuvens extensas de gás e poeira, localizadas a 22 mil anos-luz de distância do Sol. Já o aglomerado RMC136 (normalmente chamado de R136) é outro grupo de jovens estrelas massivas e quentes, que está localizado dentro da Nebulosa da Tarântula, em uma das galáxias vizinhas, a Grande Nuvem de Magalhães.

A equipe encontrou várias estrelas com temperaturas de superfície sete vezes mais quentes (40 mil graus) que o Sol, algumas dezenas de vezes maiores e milhões de vezes mais brilhantes. A equipe de Crowther afirma, porém, que a estrela R136a1, encontrada no grupo R136, além de ser a maior, é também a mais luminosa e quente. A temperatura medida na superfície da R136a1 foi de cerca de 53 mil graus. “Para efeito de comparação, a temperatura da superfície do Sol é de 5,8 mil graus. Ou seja, a R136a1 é nove vezes mais quente que o Sol”, disse o líder do estudo.

Se a R136a1 fosse posta no sistema solar, ela ofuscaria o Sol tanto quanto ele ofusca a Lua. Além disso, sua massa elevada reduziria a duração do ano terrestre a três semanas e banharia a Terra intensamente com radiação ultravioleta, tornando a vida no planeta impossível. “Essas estrelas superpesadas são extremamente raras, formadas apenas no interior dos aglomerados mais densos”, explica Crowther.

Segundo os cientistas, é pouco provável que exista algum planeta orbitando ao redor dessas estrelas, já que elas têm uma curta vida em relação à formação dos planetas. “A razão para isso é de que os planetas levam bilhões de anos para se formar, enquanto uma única estrela vive 2,5 milhões de anos. Então, antes de qualquer planeta se formar, a estrela já terá explodido”, explicou ao Correio o membro da equipe Olivier Schnurr, do Instituto de Astrofísica de Potsdam, na Alemanha.

Ainda maior
Ao nascer, a R136a1, segundo observaram os cientistas, tinha uma massa 320 vezes maior que a do Sol, o dobro do atual limite aceito. “Acreditávamos que o limite era de 150 vezes a massa do Sol. Agora sabemos que isso é em torno de 300 vezes a massa solar”, disse Schnurr. Dentro do aglomerado R136, apenas quatro estrelas pesavam mais de 150 massas solares ao nascer.

Contudo, o fato da massa atual da R136a1 ser de 265 vezes maior que a do Sol se dá porque esse tipo de estrela nasce muito pesada e vai perdendo peso ao envelhecer. “A idade média de um estrela é de 2,5 mil anos. A R136a1 já tem 1.750 anos”, informa Schnurr. Crowther complementa dizendo que a R136a1 está na meia-idade e já sofreu um intenso processo de perda de peso, o equivalente a 50 massas solares. “Estrelas muito maciças têm a luminosidade elevada em relação à massa, e assim, produzem ventos muito poderosos, que levam embora sua massa.”

Os cientistas são reticentes em relação à possibilidade de existência de outras estrelas maiores que a descoberta. “Se elas existem, devem ser extremamente raras e levará um longo tempo para encontrá-las. No entanto, acreditamos que as estrelas não podem tornar-se maiores que a R136a1”, alega Oliver Schnurr.

Silvia Pacheco
Correibraziliense.com.br

Campeã mundial juvenil começou no atletismo por curiosidade e com improviso


Um campo de futebol de areia, uns equipamentos improvisados, um professor de educação física de escola municipal e a chance de frequentar o principal clube da cidade.

Essa combinação levou a menina Geisa Arcanjo para o atletismo aos 13 anos. Nesta terça-feira, cinco anos depois de fazer seus primeiros lançamentos, a atleta de São Roque [cidade a 60km da capital paulista] ganhou a medalha de ouro no Mundial Juvenil de atletismo, em Moncton, no Canadá, e quebrou um jejum de 16 anos em que o Brasil não subia no lugar mais alto do pódio na principal competição sub-19 do planeta.

Os primeiros passos, saltos e lançamentos foram improvisados. Ainda hoje, os treinamentos dos companheiros de Geisa são feitos com bambu no salto com vara ou um circulo desenhado com o pé para demarcar a área de arremesso no campinho de futebol de areia. O esforço foi recompensado.

"Todo ano vou às escolas municipais convidar alunos para treinar atletismo no Grêmio [clube de São Roque]. A Geisa foi uma dessas, mas não tinha marcas expressivas em nenhuma prova", conta o professor de Educação Física Luciano da Silva, descobridor da campeã mundial juvenil.

Depois de um ano treinando, ela foi convidada para fazer heptatlo. "Mas não deixei. Com 15 anos, ela começou a mostrar potencial. E gostava muito de treinar. Foi quando eu comecei a projetar que ela podia estar na Olimpíada de 2012, 2016", conta, com ar profético, Luciano da Silva.

Geisa passou a treinar no Projeto Futuro, bancada pelo Governo do Estado, na capital paulista. Neste ano, a convite da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), foi para Uberlândia (MG), treinar com um técnico cubano. Mas, segundo sua mãe, deve voltar para São Paulo após a conquista internacional.

"Ela vai retomar a faculdade em agosto. Trancou para morar em Uberlândia, mas quer voltar, terminar a faculdade de Direito [na FMU] para lutar e ajudar os atletas", conta a mãe, Mara.

Segundo familiares, a disciplina da Geisa é tão grande no atletismo quanto fora dele. A "grandona" é boa filha, boa sobrinha, boa irmã, boa aluna, boa atleta. "Ela nunca me deu trabalho. É 'molecona', desde cedo praticou esportes, gostava de andar de bicicleta, pular, fez ginástica, caratê, natação. Mas nunca deu trabalho", lembra a mãe.

A mesma opinião do irmão Jones, 22, que destaca outra característica da irmã caçula.

"Ela foi para o atletismo por curiosidade. Mas ela é muito dedicada, por isso ficou forte assim (risos). Meu pai tem estatura baixa, nós, não. E ela tem o braço maior, mais forte e é mais alta do que eu. E olha que trabalho em indústria [é operador de produção da Companhia Brasileira de Alumínio]. Só sei que depois que ela começou no atletismo a gente nunca mais brigou", brinca Jones.

Essa força fez Geisa arremessar o peso a 17m02 no Mundial Juvenil, o que garantiu a medalha de ouro. No ano, ela já lançou a 17m11 [a segunda melhor marca do mundo entre as juvenis e a melhor entre as brasileiras, inclusive adultas].

O recorde mundial é de 22m63, conquistado em 1962 pela soviética Natalya Lisovskaya. Já a melhor marca sul-americana é da brasielria Elisângela Adriano, com 19m30 em 2001. Resultados tão distantes do de Geisa quanto a data em que foram alcançados.

Como fez seu primeiro técnico no atletismo, o melhor a fazer com Geisa é acreditar em seu futuro, seja para Londres-2012 ou Rio-2016. Hoje, em São Roque, foi dia de festa e orgulho.

MARCEL MERGUIZO
Folha.com.br

Microcrédito e "banqueiro dos pobres" serão tema de "Os Simpsons"


"Os Simpsons", a família amarela mais famosa da história da televisão, prestará homenagem ao Nobel da Paz Muhammad Yunus, conhecido como "o banqueiro dos pobres" por ter implantado um efetivo sistema de microcréditos em Bangladesh.

Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006, gravou sua voz para o episódio, que será transmitido no próximo dia 3 de outubro nos Estados Unidos, segundo um comunicado do Centro Yunus divulgado nesta segunda-feira pelo jornal bengalês "The Daily Star".

O capítulo será centrado no sistema de microcréditos para pessoas com poucos recursos da entidade financeira Grameen e na figura de seu fundador, Muhammad Yunus.

"Os Simpsons" se caracterizam por incorporar personagens famosos nos episódios da família de Springfield, tanto para lhes fazer homenagens como para fazer críticas.

O economista bengalês defende um modelo econômico no qual existam empresas sociais que não busquem o lucro próprio, mas se concentrem em "resolver problemas" para "mudar o mundo".

DA EFE, EM NOVA DÉLI

O gorila invisível


No vídeo, há dois times de basquete. Ao espectador, é pedida uma tarefa simples: contar quantas vezes os jogadores da equipe de branco trocam a bola entre eles. Na metade do filme, um gorila invade a cena durante nove segundos e, olhando para a câmera, bate no peito. Quando se pergunta às pessoas se, confrontadas com essa cena, elas perceberiam a interferência do primata, é certo que todas vão dizer que, sem dúvida, o notariam. Afinal, parece óbvio que ninguém deixaria passar uma cena como essa. Isso, porém, não é verdade. O teste realmente ocorreu nos Estados Unidos, e nada menos que a metade dos espectadores não se deu conta da presença do gorila.

O vídeo ficou famoso não só entre o público mas, na década de 1990, tornou-se um ícone das pesquisas em psicologia. Padres, professores, caçadores de terroristas e profissionais de recursos humanos passaram a usá-lo em dinâmicas de grupo. Até o seriado policial C.S.I mencionou o experimento em um episódio. A ideia era mostrar quão falha é a atenção humana. Mesmo quando algo completamente inesperado ocorre, a pessoa é capaz de não perceber algo que acontece bem na frente dela.

A experiência foi realizada pelos psicólogos Christopher Chabris e Daniel Simons, que se conheceram na Universidade de Harvard, onde começaram a fazer testes científicos. Eles já foram motivo de piada — em 2004, receberam o prêmio Ig Nobel em Psicologia — uma sátira ao Nobel —, que elege as pesquisas mais aparentemente sem nexo do mundo. A própria brincadeira, porém, reconheceu a importância do vídeo produzido pela dupla. Eles foram premiados por uma “realização que primeiro faz as pessoas rirem e, depois, as faz pensar”.

Chabris, Ph.D em Harvard e atualmente professor do Faculdade Schenectady, e Simons, também Ph.D e professor do Departmento de Psicologia da Universidade de Illinois, voltaram a se debruçar sobre o gorila invisível. O resultado do estudo foi publicado na primeira edição da nova revista especializada i-Perception, que aborda temas da psicologia. O experimento também virou um livro, The invisible gorilla, que será publicado no Brasil no próximo ano, e um site (http://www.theinvisiblegorilla.com/).

Dessa vez, Chabris e Simons foram além. Eles queriam, novamente, provar que o ser humano não é tão atento como imagina. Assim como no vídeo anterior, uma equipe de jogadores aparece trocando a bola e o gorila irrompe na cena. As pessoas que assistiam sabiam que o primata estaria lá — elas já conheciam o filme da década de 1990, disponível no YouTube. O que os pesquisadores queriam era testar se, ao saber que um evento inesperado — no caso, a presença do macaco — está prestes a acontecer, o homem consegue detectar outras ocorrências imprevisíveis. Mais uma vez, as “pegadinhas” dos cientistas passaram despercebidas. “O estudo mostra que, mesmo quando sabemos que um evento inesperado pode ocorrer, continuamos perdendo coisas que estão acontecendo bem na nossa frente”, disse Simons em entrevista ao Correio.

Desatenção constante
No novo experimento, 76 indivíduos tiveram de assistir ao vídeo e foram instruídos a contar quantas vezes os jogadores de branco passaram a bola. Depois disso, responderam a outras perguntas: “Você percebeu algum evento inesperado durante o vídeo? Se sim, descreva; você já ouviu falar ou já assistiu a um filme como esse antes? Se sim, descreva o que aconteceu; no vídeo que você acabou de assistir, você percebeu algum desses fatos: uma pessoa vestida de gorila, uma pessoa vestida de pirata, uma pessoa vestida de coelho, uma mudança no cenário da cortina, uma mudança no número de jogadores, uma mudança no número de bolas e uma mudança na cor da bola?”

As perguntas não foram feitas sem propósito. De fato, algumas dessas coisas aconteceram no vídeo, enquanto os espectadores precisavam se concentrar no número de vezes em que os jogadores trocavam a bola. Embora o pirata, o coelho, a mudança de cor e a quantidade de bolas fossem pistas falsas, o cenário da cortina realmente foi alterado, assim como o número de jogadores.

Apenas três pessoas em toda a pesquisa conseguiram descrever a mudança na cortina ou a alteração na quantidade de jogadores. Dos 76 participantes, 26 já haviam assistido ou ouvido falar no primeiro vídeo e 50 desconheciam completamente a entrada do gorila. Depois de Simons excluir 12 pessoas por terem contado errado o número de passes ou terem reportado um evento que não aconteceu, o grupo de pesquisa caiu para 56 participantes. Desses, 41 não conheciam o primeiro filme do gorila invisível. Entre eles, 46% não perceberam a presença do primata, enquanto que 100% dos que já tinham assistido ao vídeo anterior detectaram a aparição do macaco. Nos dois grupos, 11% perceberam a mudança na cortina e 16% viram que o número de jogadores do time vestido de preto mudou. Mas somente um participante foi capaz de detectar os dois eventos.

Outra constatação dos pesquisadores foi a de que, apesar de as pessoas que já sabiam da aparição do gorila terem, obviamente, percebido melhor a presença do macaco, elas foram menos capazes de prestar atenção nos outros eventos inesperados, comparando-se às que não sabiam que o personagem iria invadir a cena. “Observando apenas os 23 indivíduos em cada grupo que percebeu o gorila, os que não tinham familiaridade com a imagem foram duas vezes mais capazes de perceber os outros acontecimentos. Isso sugere que o conhecimento de que um evento pode ocorrer não aumenta a concentração das pessoas de modo que possam detectar outras coisas inesperadas”, diz o estudo.

Segundo Simons, na vida real isso quer dizer que o ser humano pensa que consegue captar tudo que ocorre à sua volta e não tem noção do quanto pode ser desatento. “Isso pode explicar por que as pessoas continuam dirigindo e falando ao celular ao mesmo tempo, mesmo que isso reduza dramaticamente suas chances de perceber eventos inesperados na pista”, afirma Simons.

Três perguntas para David Simons

O que esse estudo revela sobre a intuição humana?
Em nosso livro (The invisible gorilla, que será editado no Brasil em 2011), discutimos o que chamamos de ilusão da atenção. As pessoas acreditam firmemente que vão perceber qualquer evento inesperado que ocorrer na frente delas. Nós acreditamos que olhar para algo já garante que conseguiremos notá-lo. Infelizmente, essa intuição está errada. As pessoas geralmente falham ao perceber eventos inesperados, mesmo quando estão olhando para eles. Uma razão de termos essa falsa intuição sobre como nosso cérebro trabalha é que nossa experiência do dia a dia nos leva a essa conclusão errada. Mas só nos tornamos atentos quando, de fato, o percebemos. Como resultado, acreditamos que conseguimos notar todos os eventos inesperados que acontecem à nossa volta. Muito da nossa intuição sobre como a mente trabalha está errada, da mesma forma. Nosso livro faz distinção de seis situações cotidianas nas quais passamos pela ilusão da atenção e o que fazemos é tentar explicar como e por que essas intuições estão erradas.

Qual é a aplicação prática do estudo que o senhor publicou no periódico especializado I-Perception?
O estudo mostra que, mesmo quando sabemos que um evento inesperado pode ocorrer, continuamos perdendo coisas que estão acontecendo bem na nossa frente. Saber que um vídeo foi gravado justamente para nos mostrar como podemos não perceber esses eventos inesperados não nos ajuda a prestar atenção em outros fatos que também não estamos esperando. O estudo é mais uma demonstração de como nossa intuição sobre a atenção pode errar. O fato de as pessoas não perceberem quão limitada é sua atenção pode significar que elas frequentemente vão assumir que só estão atentas para o que de fato importa. Isso pode explicar por que as pessoas continuam dirigindo e falando ao celular ao mesmo tempo, mesmo que isso reduza dramaticamente suas chances de perceber eventos inesperados na pista.

Apesar de não sermos capazes de detectar eventos inesperados, nosso inconsciente os percebe?
Essa é uma questão importante e que ainda está aberta ao debate. Nosso inconsciente, na verdade, não percebe alguma coisa, já que perceber implica estar atento. É mais como um processo mental. É possível, e de fato há algumas evidências de que palavras não vistas podem ativar algum processo cerebral mesmo quando as pessoas não se lembrem delas ao verem novamente. Isso quer dizer que, se realmente esse efeito do inconsciente existe, ele será muito pouco relevante em termos práticos.

Paloma Oliveto
Correiobraziliense.com.br

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mulher vai evoluir para ter filhos em idade avançada


Como muitas mulheres esperam chegar a uma idade avançada para dar à luz, apenas aquelas com genes de fertilidade mais duradouros serão bem sucedidas, segundo reportagem do site do jornal britânico "Telegraph".

Isso significa que a duração média da fecundidade vai crescer quando os genes forem passados aos filhos.
O estudo da Universidade de Sheffield mostra que antes as mulheres se casavam cedo e, se ficassem viúvas, eram velhas demais para casar novamente, favorecendo o parto precoce.

Mas a relutância de hoje para se estabelecer e engravidar mais tarde podem favorecer a fertilidade em mulheres mais velhas.

Os pesquisadores estudaram os padrões do matrimônio para rastrear a sobrevivência e histórias de casamento de 1.591 mulheres, em registros finlandeses dos séculos 18 e 19, uma época em que quase todos se casavam e o divórcio era proibido.

Eles descobriram que as mulheres com idade entre 30 e 35 anos foram as que mais se casavam. Aquelas que se uniram a maridos ricos casaram em uma idade mais jovem, mas com homens relativamente mais velhos, ou seja, o tamanho das famílias eram maiores, mas com maior risco de viuvez.

Os investigadores dizem que esta possibilidade elevada de viuvez, juntamente com poucas perspectivas de casamento para viúvas com filhos mais velhos, limitava a porcentagem de mulheres na população com oportunidade de reproduzir em idades mais avançadas.

Duncan Gillespie, do Departamento da Universidade de Ciência Animal e Vegetal, disse que na sociedade de hoje, entretanto, as mulheres não iniciam a gravidez até uma idade mais avançada, porque muitas vezes, o casamento é adiado.

De acordo com ele, "como resultado, a seleção natural que mantinha as jovens em idade fértil pode enfraquecer e a força relativa da seleção natural da fecundidade em uma idade avançada poderia aumentar, levando a melhorias da fertilidade nesta fase ao longo de muitas gerações".

Folha.com.br

Livro publicado pelo Sebrae ensina como viabilizar a carreira de uma banda


Já não é de hoje que viver de música é muito mais do que uma questão de talento para compor, cantar ou tocar um instrumento. Atualmente, tão importante quanto produzir música é viabilizar uma carreira por conta própria, sem esperar que algum figurão da indústria do entretenimento o descubra e aponte o caminho do sucesso. Mas essa história da autogestão também é antiga. Por que será, então, que incontáveis músicos, bandas e cantores ainda dão murro em ponta de faca, insistindo em não se profissionalizar o mínimo necessário?

“Existe por parte dos músicos um preconceito com a atividade empresarial. É quase um mito para eles, como se arte e negócios não pudessem caminhar juntos”, avalia o jornalista pernambucano Leonardo Salazar, autor do livro Música Ltda — O negócio da música para empreendedores. O título, publicado pela editora do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), é o resultado do trabalho de conclusão de curso de Leonardo em gestão de negócios. Como ele explicou em entrevista ao Correio, o jornalismo é sua formação, mas há quase uma década ele trabalha com produção cultural. “Comecei como assessor de imprensa no festival Abril pro Rock, em 2002. Mas não fiz só isso, trabalhei também como assistente de produção. No ano seguinte, eu já estava só na produção. Até 2008, aprendi muito na prática e, claro, observando os produtores mais experientes.”

Para o livro, Leonardo direcionou o que aprendeu no curso para o ramo da música. “Fiz uma pesquisa e descobri que não temos no Brasil nada publicado quanto à ação empresarial nessa área”, observa. O diferencial de Música Ltda é justamente a apresentação dos tópicos, “traduzidos” da linguagem empresarial, específica, para uma de fácil entendimento, mais prática. “Se um músico pegar um livro de marketing ou de formação empresarial, ele provavelmente vai entender pouca coisa. Eu ensino as mesmas lições, mas de outra forma, aplicada à realidade deles”. Entre os tópicos abordados pelo livro estão desde a organização de um show até como lidar com finanças e marketing. Resumindo, como transformar um trabalho musical em uma empresa. Há, ainda, um modelo de plano de negócios para uma banda. Outras informações podem ser encontradas no recém-inaugurado blog http://www.musicaltda.com.br/.

Leonardo Salazar esclarece que existem diferentes maneiras de lidar com a questão empresarial dentro de uma banda. Algumas optam por assumirem elas mesmas a função. Outras delegam a amigos ou se associam a produtores ou empresas da área. Em Brasília é possível encontrar ambos os casos.

Talvez o mais conhecido e bem-sucedido deles seja o da banda Móveis Coloniais de Acaju. Os 10 integrantes conseguiram reverter o que poderia ser o maior problema do grupo, a quantidade de músicos, em sua maior qualidade. Assim, sempre trabalharam com a divisão de tarefas. E dessa forma viabilizaram incontáveis shows dentro e fora de Brasília, organizaram festivais e a produção de seus discos.

“A única coisa que a gente não fazia era emitir nota fiscal, mas em 2008 montamos o nosso escritório”, conta o baixista Fábio Pedroza. Um anos depois, eles contrataram uma consultoria para fazer um planejamento para a banda. “Aprendemos a ser 10 empresários. Hoje temos noções sobre elaboração de projetos, plano financeiro, marketing…”, continua o músico. No caso do Móveis, o produtor Fabrício Ofuji é considerado um integrante da banda. “Tem gente que toca guitarra, bateria ou baixo. O Ofuji toca a banda. O Móveis só teria chegado aonde chegou dessa forma”, afirma o baixista.

Parceria
Em associação com produtoras da cidade, a banda Trampa vem colhendo vários frutos. “Temos uma relação de parceria. Acabamos de fechar a turnê do DVD Trampa sinfônica em quatro cidades”, adianta o vocalista André Noblat. O projeto que deu origem à gravação (registro de apresentação feita em 2008, na Sala Villa-Lobos, com participação de orquestra e regência do maestro Silvio Barbato) foi orçado em R$ 180 mil, captados via Lei Rouanet.

O músico e produtor cultural André Morale começou a fazer os próprios eventos para viabilizar os shows das bandas nas quais tocou desde a adolescência. Com a experiência, passou a produzir os shows dos amigos. Anos depois, promoveu festivais. Como integrante do extinto quarteto High High Suicides, organizou uma turnê pela Argentina e Uruguai. “Um conselho que dou para as bandas é: se você acha que consegue, então ‘meta as caras’, não tenha medo. Pode parecer difícil no começo, mas não é impossível. Mas, claro, é preciso ter uma visão administrativa”. Leonardo Salazar faz coro ao brasiliense: “Além de aprender a tocar um instrumento, o músico agora tem que aprender a tocar um negócio”.

Pedro Brandt
Correiobraziliense.com.br

É possível planejar o jardim de forma sustentável e garantindo equilíbrio térmico


Melhorar a qualidade de vida por meio da transformação criativa do uso dos espaços, minimizar as variações do clima, utilizando a vegetação para reduzir a insolação e a carga térmica ou para aumentar a permeabilidade do solo. Esse são alguns benefícios do planejamento de um jardim residencial. Além disso, os arquitetos esclarecem que o paisagismo integrado à arquitetura pode minimizar efeitos de ilha de calor e reduzir as necessidades de gastos com ar condicionado.

Os profissionais Ângela Lucena e Ortiz e Herbert Ortiz, da Casa de Projetos, explicam que os resultados esperados na implementação dos jardins residenciais são espaços harmoniosos e mais funcionais, acolhedores e esteticamente agradáveis, com o intuito de incentivar a interação do homem com a natureza, reduzindo a pressão e o estresse. Segundo eles, os jardins podem também contribuir bastante para proporcionar equilíbrio térmico às construções.

Além disso, um item importante que deve estar presente nos projetos é a sustentabilidade. Os profissionais do escritório ressaltam que o cuidado com a utilização dos recursos naturais deve ser parte integrante do processo de criação, com os objetivos básicos de evitar ou minimizar os impactos sobre a natureza, conservar os ecossistemas, utilizar recursos renováveis, reciclar resíduos e valorizar o potencial humano.

Dicas
Para conseguir planejar um jardim que atenda a todas essas necessidades, os arquitetos dão algumas dicas. Primeiramente, é necessário elencar as necessidades e desejos de quem vai usufruir o espaço. Será uma área de descanso e contemplação? Ou para praticar atividades esportivas? As crianças poderão brincar no local? É preciso analisar, em seguida, qual o espaço disponível para montar o jardim, se já há vegetação no local, se será fora ou dentro da casa, se o solo fica sobre uma laje.

Os cuidados quanto à manutenção também devem ser pensados com antecedência, pois, se o morador não tiver tempo para cuidar do próprio jardim, por exemplo, precisará de algo mais prático e fácil de cuidar. Para isso, também é importante saber qual a incidência de sol no local e se será possível captar água da chuva. Deve ser levado em conta, ainda, o valor que poderá ser investido, para analisar a possibilidade de colocar sistemas de irrigação, iluminação e até de automação do jardim.

Correioweb.com.br

Juizados especiais nos aeroportos começam a funcionar nesta sexta


A partir desta sexta-feira (23), passageiros que tiverem problemas com extravio de bagagens, atrasos e cancelamentos de voos poderão procurar os postos dos juizados especiais que vão passar a funcionar nos cinco maiores aeroportos do país. Os locais, que devem funcionar 24 horas por dia, foram criados por meio de uma determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os horários de funcionamento de cada um dos juizados foi determinado pelas Justiças Estaduais dos estados que receberam os juizados. Em São Paulo, os espaços vão funcionar nos aeroportos de Guarulhos e de Congonhas. No Rio de Janeiro, os postos serão instalados nos aeroportos do Galeão e Santos Dumont.

Em Brasília, o posto do aeroporto internacional Juscelino Kubitschek estará aberto a partir das 14h. A atuação dos juizados será temporária, mas o CNJ não determinou prazo para o fim do projeto. O conselho não descarta também estender a medida para outros aeroportos.

Em todos os locais, os juizados vão funcionar em salas que foram cedidas pela Infraero. Os servidores que vão atuar no recebimento das reclamações serão cedidos pelas justiças estaduais.

Por determinação do CNJ, cada companhia aérea terá de indicar um servidor, com autonomia para resolver os possíveis problemas, para trabalhar nos juizados. Um juiz ou um conciliador estarão presentes durante todo o período de funcionamento do posto. Quem tiver problemas com as companhias aéreas não vai precisar de um advogado no momento que for registrar a ocorrência.

Com a instalação dos juizados, os passageiros ganham uma instância mais rápida para tentar resolver os problemas, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça. Em caso de problemas com extravio de uma mala, por exemplo, o passageiro poderá prestar a queixa e tentar um acordo com a empresa. Caso o problema não seja resolvido, a queixa se transforma em uma ação judicial, que será registrada no próprio posto do aeroporto.

G1.globo.com

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Após escapar da morte graças a transfusões, Cilma se casou no Hemocentro


Ao som da Marcha Nupcial e trajando um belo vestido branco, Cilma Paulo de Azevedo, 37 anos, entrou radiante no altar onde se casou. Como de praxe, chegou um pouco atrasada para a celebração, marcada para as 17h de quarta-feira (21/7). Antes disso, padrinhos, convidados e damas de honra aguardavam ansiosos a noiva. Aqui se encerram as semelhanças entre a união de Cilma e Francisco da Conceição de Carvalho, 49, e as cerimônias de casamento tradicionais. Os dois juraram amor eterno diante de um padre no fim da tarde de ontem feira na Fundação Hemocentro de Brasília, na Asa Norte.

O auditório, com capacidade para 112 pessoas sentadas, estava lotado. Muita gente ficou de pé para assistir à realização do sonho de Cilma. De presente, os noivos pediram aos convidados que doassem sangue. Quem, por motivo de saúde, não pudesse atender ao pedido, poderia levar fraldas geriátricas, que serão doadas a asilos do Distrito Federal. Por trás do casamento inédito, há uma história de dor e superação decisiva para a escolha do local onde foi realizada a cerimônia.

Em 15 de janeiro deste ano, Cilma sofreu um acidente de carro. Por conta de um sangramento no fígado, ela teve uma hemorragia interna que só foi combalida após o recebimento de 16 litros de sangue tipo B. Graças ao sangue de doadores, Cilma está viva. A intenção de se casar no Hemocentro foi sensibilizar as pessoas para a importância da prática de doar sangue. “Meu sonho de se casar só foi possível por causa das transfusões. Espero que esse meu ato toque o coração das pessoas. Espero que meus amigos que me deram esse presente continuem doando sangue”, pediu Cilma, depois de trocar as alianças com Francisco. “Ela sempre foi uma pessoa que se preocupou com os outros. Tenho muito que aprender com ela”, elogiou o marido.

Doações
A emoção tomou conta do lugar. Nem a presidenta do Hemocentro, Maria de Fátima Brito Portela, conseguiu conter as lágrimas. “Só quem passa por momentos difíceis e precisa de transfusões sabe da importância do gesto de doar sangue. O que nós queremos é mostrar que esse casamento só foi possível graças aos doadores”, disse. Há três anos, o filho dela, à época com 16 anos, foi atropelado quando andava de bicicleta. O adolescente também precisou de transfusões de sangue para não perder a vida. “Ainda não sabemos o quanto a iniciativa da Cilma mudou no número de doações. Mas hoje o Hemocentro ficou lotado por todo o dia. E já tem doações agendadas”, informou Maria de Fátima.

Entre os solidários, está Rute de Almeida da Silva, 27 anos. Ontem, ela doou sangue a pedido da amiga há oito anos. “Eu achei a atitude (de casar no Hemocentro) linda. Mas, vindo da Cilma, não me surpreendeu nem um pouco. Ela sempre foi voltada ao cuidado das pessoas, sempre se envolveu em trabalhos sociais. Ela tem um coração muito grande. Agora assumi um compromisso e pretendo honrar, vou doar sangue com frequência”, garante.

Cilma e Francisco tiveram como padrinhos de casamento os pais de Maria Cláudia Del’Isola, morta brutalmente em 2004. Se estivesse viva, a jovem completaria ontem 25 anos. A noiva entregou o buquê a Maria Fernanda, irmã de Maria Cláudia, que vai se casar no próximo dia 30. “Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos”, disse Cristina Del’Isola, coordenadora do Movimento Maria Cláudia Pela Paz e mãe de Maria Cláudia. Cristina ajudou Cilma a realizar o sonho de se casar.

Mariana Sacramento
Correiobraziliense.com.br

ONU aposta na produção de mamona como biocombustível

Duas organizações das Nações Unidas ligadas à agricultura apostam no potencial do cultivo da Jatropha curcas, conhecida também como mamona da América, para produzir biocombustível e beneficiar os agricultores pobres.

Em um relatório publicado nesta quinta-feira (22), a Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida) analisam a utilidade da mamona, à qual definem como um "cultivo promissor".

Para estas organizações, a Jatropha curcas cresce "razoavelmente bem em zonas áridas e em solos degradados de utilidade marginal para a agricultura" e "pode ser transformada em um biodiesel menos contaminante do que o de origem fóssil a fim de oferecer às famílias rurais pobres um combustível para produzir luz e cozinhar".

"Ao contrário de outros biocombustíveis importantes, como o milho, a mamona da América não é utilizada como alimento e pode ser cultivada em terras degradadas, onde não crescem plantas alimentícias", diz o relatório.

Pequenos
O texto completa: "A produção deste cultivo permitiria obter rendimentos em particular aos pequenos agricultores, aos moinhos de oleaginosas terceirizados e aos membros de plantações comunitárias ou aos trabalhadores das plantações privadas que o produzem".

Há uma ressalva, no entanto. A maior parte da mamona cultivada na América hoje é tóxica, um risco à saúde humana e impede o uso das sementes como alimento ao gado.
Daí a necessidade de apoiar a pesquisa para obter variedades melhores e não tóxicas.

Em 2008, foi semeado na América 900 mil hectares no mundo todo, dos quais 760 mil na Ásia, 120 mil na África e 20 mil na América Latina, e estima-se que para 2015 haverá cultivos de mamona da América em 12,8 milhões de hectares.

Aprevisão é que o maior país produtor da Ásia será a Indonésia; na África, os principais produtores serão Gana e Madagascar, e Brasil será o líder na América Latina.

DA EFE, EM ROMA
Folha.com.br

Extrato de guaraná reduz fadiga gerada por quimioterapia

O guaraná, planta nativa da Amazônia muito usada na medicina popular como estimulante, pode também tratar a fadiga de mulheres com câncer de mama que passam pela quimioterapia. Esse sintoma afeta de 50% a 90% dessas pacientes.

A conclusão é de um estudo inédito feito por pesquisadores do Hospital Albert Einstein e da Faculdade de Medicina do ABC.

O trabalho foi controlado e envolveu 75 pacientes, divididas em dois grupos: um recebeu 50 mg de extrato seco de guaraná (Paullinia cupana) duas vezes ao dia, e o outro, placebo.

As mulheres foram acompanhadas durante 21 dias. Elas responderam a três questionários que avaliaram seu grau de fadiga.

Ao final, 66% das pacientes do primeiro grupo relataram melhora, contra 13% do grupo controle. No início, o grupo que usou guaraná se queixou mais de insônia, mas o sintoma melhorou nas semanas seguintes.

TRATAMENTO
Segundo Auro del Giglio, oncologista do Einstein e professor da Faculdade de Medicina do ABC, hoje não existe uma terapia padrão para tratar a fadiga em pacientes com câncer.

Recentemente, alguns trabalhos avaliaram o uso de metilfenidato (Ritalina) -remédio usado no tratamento do transtorno de deficit de atenção e hiperatividade- nesses casos, mas não houve resultados positivos.

"O guaraná é efetivo, barato e não é tóxico", diz o oncologista, que pretende testar o extrato da planta para sintomas de outros tipos de tratamento de câncer.

O estudo foi baseado em dissertação de mestrado que será defendida em agosto, feita por Maira de Oliveira Campos, aluna de Giglio.

O próximo trabalho avaliará pacientes com câncer renal que estejam recebendo inibidores da tirosino-quinase, medicações que sabidamente causam fadiga.

Apesar dos bons efeitos do guaraná, a planta ainda não está sendo usada de forma rotineira no Einstein porque os pesquisadores planejam realizar mais dois estudos que confirmem os resultados positivos do primeiro.

METODOLOGIA
Segundo a nutróloga Roseli Sarni, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), do ponto de vista metodológico, a avaliação da fadiga por meio de questionários é limitada porque não há uma validação do método para a realidade brasileira.

Uma das alternativas, diz ela, seria investigar se houve ganho de força por meio de medidas objetivas, usando, por exemplo, um pedômetro, aparelho que conta os passos e a força da pisada.
Além da fadiga, 50% dos pacientes com câncer também sofrem de depressão. O problema piora a qualidade de vida e o prognóstico da doença -porque a adesão ao tratamento cai. O estudo, porém, excluiu mulheres com quadro depressivo.

MISTURAS
Uma das hipóteses que explicariam o efeito estimulante do guaraná é a presença de 2,5% a 5% de cafeína. As propriedades psicoativas viriam de substâncias (saponinas e taninas) que atuam sobre o sistema nervoso central.

O nutrólogo Edson Credidio, doutor em ciência dos alimentos pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), costuma receitar o guaraná para pacientes com fadiga -provocada ou não por tratamentos oncológicos-, mas faz um alerta sobre a qualidade do produto.

"É comum misturarem pó de madeira ao pó do guaraná. Aí não tem efeito", diz.

Para evitar que o produto cause uma hiperestimulação- e efeitos colaterais como a insônia- ele recomenda aos pacientes que usem apenas 50 mg de guaraná logo após o café da manhã.
CLÁUDIA COLLUCCI
Folha.com.br

Anfíbio longevo fornece pistas sobre como viver mais


Um anfíbio pequeno e cego, com uma pele translúcida, está fornecendo pistas importantes na busca pelo elixir da vida.

O proteus (Proteus anguinus) vive em cavernas no sul da Europa, especialmente na Eslovênia e Croácia, pesa 20 gramas e é um dos poucos anfíbios que vive inteiramente em ambiente aquático.

Como muitos animais que vivem em cavernas, adaptou-se à pouca luminosidade, perdendo olhos e pigmentação da pele.

O proteus parece reproduzir-se ainda no estágio larval e, diferentemente de sapos e rãs, os animais adultos retêm características juvenis, como guelras.

Pensava-se que essas características do animal eram o resultado de um desenvolvimento abortado pelo difícil ambiente das cavernas. No século 17, acreditava-se que o animal era filhote de dragão.

Mas Yann Voituron,da Universidade de Lyon, na France, está interessado no proteus por outro motivo: sua grande expectativa de vida. Em zoológicos, o animal vive 70 anos. Ele acredita que esses anfíbios podem viver até 102 anos.

Voituron e sua equipe chegaram a esse número, que é três vezes maior que espécies de anfíbios de parentesco próximo, usando uma fórmula que estima a expectativa de vida média de animais adultos em cativeiro relativa a sua massa. "Mesmo os espécimes mais velhos podem se reproduzir", diz.

Mas como o proteus consegue viver tanto? Para começar, ele vive em um ambiente frio, o que reduz sua taxa metabólica. Quanto menor a taxa metabólica, menor a produção de radicais livres, que danificam o DNA. Isso ocorre porque os radicais livres são um resíduo indesejado da manufatura da molécula adenosina trifosfato (ATP), a carregadora de energia do corpo, produzida nas mitocôndrias das células.

Além de atacar DNA, radicais livres também produzem espécies reativas de oxigênio (ROS), que atacam tecidos. Portanto, menos ROS pode significar menos envelhecimento.

Mas, de acordo com Voituron, a longevidade dos proteus não pode ser explicada totalmente pela baixa taxa metabólica e pelos seus eficientes mecanismos antioxidantes, pois seu metabolismo e atividade antioxidante não são muito diferentes dos de outros anfíbios que vivem muito menos. Então qual é o segredo?

Voituron sugere que o proteus possui uma maneira de gerar energia que produz menos radicais livres do que outros animais. Ele e sua equipe completaram experimentos, ainda não publicados, que "sugerem um funcionamento peculiar das mitocôndrias nesta espécie".

"Se o proteus consegue produzir ATP sem muito ROS, isso explicaria sua longevidade."

DA NEW SCIENTIST
Folha.com.br

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Aliar sofisticação em decoração à sustentabilidade é tema de mostra de arquitetura


Mostra Morar Mais por Menos abre as portas ao público amanhã, no Setor de Clubes Sul. São 40 ambientes, montados por 80 arquitetos, paisagistas e decoradores, que reúnem soluções criativas para dar um toque de charme à sua casa.

Aliar soluções sofisticadas de decoração à sustentabilidade é o tema central da 4ª edição da mostra Morar Mais por Menos — o chique que cabe no bolso, que abre as portas para o público amanhã e fica em exposição até 29 de agosto. Em 40 ambientes montados por mais de 80 arquitetos, paisagistas e decoradores, o que se vê é um conjunto harmônico, que alia beleza e criatividade a atitudes ecológicas e econômicas. As ideias vão desde o uso de madeiras recicladas à instalação de equipamentos com baixo consumo de energia. “Partimos do princípio do respeito ao meio ambiente para, daí, criar e pensar a decoração, sem dispensar a tecnologia e o design. Até porque hoje eles estão muito bem conectados com a sustentabilidade”, afirma o arquiteto André Alf, consultor da Morar Mais 2010, que conta com o Correio Braziliense como correalizador.

Neste ano, a mostra foi montada na União dos Escoteiros do Distrito Federal, no Setor de Clubes Sul, trecho 3 (veja no quadro abaixo como chegar ao local). Com investimento de R$ 1,5 milhão, a expectativa dos organizadores do evento é receber mais de 20 mil visitantes, que vão percorrer o circuito de ambientes e, em cada um deles, terão acesso aos preços e às marcas das peças expostas pelos decoradores. Especialmente para o evento, tudo estará em liquidação. Os interessados nas peças preenchem uma ficha de reserva, informando o que lhes interessou, e o fornecedor entra em contato para fechar a venda. São 250 marcas dos segmentos de construção, arquitetura e decoração. Na mostra, estão sendo gerados 300 empregos diretos e 100 indiretos.

Mesmo sob o conceito de decoração acessível, a arte e a tecnologia de ponta estão presentes na maioria dos espaços da mostra, em peças assinadas por designers renomados, que dividem espaço com artistas nacionais consagrados, como Athos Bulcão e Romero Brito, além de outros que se destacam em Brasília, como o mineiro Omar Franco, Ney Soares, Pablo Oliveira e Paul Morais. “Propostas de automação de ambientes também podem ser vistas aqui. Há dois anos, esse era um produto caríssimo e hoje está muito mais acessível. O legal é que toda essa tecnologia também tem uma ação sustentável, já que traz um consumo inteligente da energia elétrica para a casa das pessoas”, aponta Celso Faria, um dos organizadores da Morar Mais.

Os arquitetos também buscaram apresentar trabalhos desenvolvidos por ONGs e cooperativas nacionais que trabalham com artesanato e reciclagem de materiais. “Para promover a inclusão social, procuramos instituições bacanas que possam formalizar essa participação com produtos diferenciados”, explica Celso. Outro destaque são as homenagens ao cinquentenário de Brasília. As referências à cidade estão por toda parte, de forma discreta ou não. Garfos que formam os traçados da ponte JK, painéis com a silhueta do Plano Piloto, cobogós e esculturas que remetem às curvas e aos traços da capital.

São também homenageadas grandes personalidades, como o compositor Renato Russo e o jornalista Assis Chateaubriand, fundador dos Diários Associados. “Nos inspiramos nele e na sua paixão pela arte e por tudo que era moderno”, conta Cristiane Queiroz, apresentando uma parede-galeria de fotos de Assis, enquadradas em molduras no estilo renascentista. Um dos quartos de casal da mostra foi todo inspirado em Juscelino Kubitschek e sua esposa, dona Sarah. “Pensamos em como seria o apartamento deles hoje, se estivessem aqui”, afirma a decoradora Alva Pinheiro.

Programação
Além dos ambientes decorados, a Morar Mais por Menos em Brasília também oferece uma farta programação durante os 40 dias de exposição. São palestras sobre organização, feng shui, etiqueta de moda e estilo, aulas de gastronomia gratuitas, que abordarão diferentes temas e exposições, como a dos 50 anos do Correio Braziliense. Os visitantes também poderão fazer uma pausa no restaurante Rosa’s café, instalado no espaço da mostra. Quem está à frente da cozinha é o chef Alexandre Albanese, conhecido por ter trabalhado em um dos principais buffets da capital dos Estados Unidos, o Dish Cateres, onde chegou a preparar pratos para membros da família Kennedy.

Maria Fernanda Seixas
Correiobraziliense.com.br

A bela história de Wanderley


Era uma tarde comum, 21 anos atrás, durante o dia de trabalho em um salão da Asa Norte, quando o cabeleireiro carioca Wanderley Estrella, 47, sentiu as dores que eram o anúncio de uma mudança radical em sua vida. A cada minuto, as pontadas na barriga ficavam mais fortes, o suor escorreu frio e o enjoo veio logo em seguida. Uma semana depois, a fisionomia de Wanderley havia se transformado. O homem alto, atraente e saudável parecia ter desaparecido. Tinha perdido 20kg.

O tormento não acabava. Um colega de trabalho aconselhou-o a fazer o teste de HIV. “Aqueles sintomas não eram normais. Fui ao laboratório com a certeza de que daria positivo”, lembrou Wanderley. A intuição estava correta. Ao receber o resultado, ele sentiu como se o chão tivesse desaparecido debaixo de seus pés. A vida se mostrou poderosa, inesperada, dona de si. Um momento que aconteceu em algum dia dos 10 anos anteriores à descoberta do “positivo” deixou marcas eternas em Wanderley. “Eu fui contaminado entre os anos 1978 e 1980. Eu era jovem, na noite do Rio de Janeiro. Naquela época, o sexo era livre. Nem se falava em camisinha. Foi na mesma época do Cazuza”, lembrou.

À época do diagnóstico, Wanderley já estava em Brasília, lugar para onde se mudou em 1984. Veio para passar três dias e acabou fixando residência. Apaixonou-se pela cidade-parque. Tudo era glamour antes do tal “positivo.” Acostumado a cuidar das cabeças mais exigentes de Brasília e a frequentar locais de classe A, ele se viu diante de um monstro: o preconceito. Achou que ia perder o emprego, que a vida acabaria ali. “Naquele tempo, quando você recebia um resultado positivo, era o mesmo que comprar um caixão”, disse. Mas o chefe foi sensato, apoiou o funcionário dedicado. “Ele me disse: ‘Agora você só tem uma opção, e é continuar a vida, tomar o coquetel e trabalhar’”.

Abandono
Os amigos, porém, desapareceram. Não queriam apertar a mão de Wanderley, beijá-lo, dividir um copo. Compartilhar o mesmo talher ou banheiro? Nem pensar. A ignorância sobre as formas de contágio do vírus afastaram até as pessoas mais próximas. “Parecia que um buraco enorme tinha sido aberto ao meu redor. A rejeição não precisa ser expressa em palavras, a gente sente no olhar das pessoas.” O cabeleireiro, acostumado a ser querido, não resistiu a tanta hostilidade. Entregou-se ao alcoolismo. Vendeu carro e casa conquistados com muito esforço para mergulhar na bebida. “Era minha única fuga.”

Wanderley aprendeu, ainda menino, a se virar e a superar desaforos. Saiu de casa pré-adolescente. Não se sentia aceito, não pertencia à própria família. Enfrentou o primeiro preconceito, aquele contra homossexuais. “A minha orientação sexual era considerada uma doença entre os meus familiares. Saí sozinho no mundo e fui trabalhar em um salão de elite do Rio de Janeiro. Rapidinho eu estava aparecendo nos jornais cariocas e começou a aparecer parente querendo me ver. Mas era tarde.” Com as dificuldades, Wanderley aprendeu a renascer.

Força
Depois da crise, não demorou muito e ele se reergueu, parou de beber. “Encontrei força em Deus. Ele me fazia pensar: se eu posso viver uma vida normal, porque vou desistir? Tenho todo direito de ser feliz”, lembrou. Quando decidiu voltar a trabalhar, em 2002, Wanderley encontrou espaço no Salão Hélio Diffusion, um dos mais badalados de Brasília. Não escondeu de ninguém que era portador de HIV. Decidiu que o preconceito não iria vencê-lo ou abafar sua autoestima.

Para compor um novo Wanderley, ele adotou um visual peculiar. Está sempre de cavanhaque e lenço na cabeça. O acessório é multifuncional, esconde a calvície e dá um charme ao mesmo tempo. “Escolhi levar a vida de cabeça erguida.” A relação com as clientes nunca foi prejudicada pela doença. Ele atende mais de 45 homens e mulheres por dia em busca do corte ou tintura perfeita para os cabelos. “As clientes me perguntam se eu já tomei o coquetel, se está na hora do remédio”, conta. Com os avanços da medicina, Wanderley, que antes tomava 23 remédios por dia e sofria com os efeitos colaterais, começou a ingerir nove comprimidos diariamente. Há dois anos, seus exames resultam em carga viral indetectível. “Eu chamo o momento de tomar o remédio de dar ração aos meus bichinhos. Depois é hora da ração da bichona aqui. Bom humor é essencial”, disse, em meio a gargalhadas. Mas isso não bastava. O cabeleireiro queria alertar a todos sobre os riscos do sexo sem segurança. Quem ele atende no salão e recebe até preservativos de presente. “Tem algumas pessoas que falam: ‘Eu não preciso disso’. E eu digo: ‘OK. Então você vai se dar mal como eu me dei’. E elas mudam de ideia”, disse.

Luta
Em 2007, Wanderley precisou ser internado. “Fiquei cinco meses na Fraternidade Assistencial Lucas Evangelista (Fale). A maior universidade da minha vida foi ouvir as outras pessoas que estavam internadas lá, conheci várias realidades. Levantei de lá disposto a pedir meu emprego de volta”, relatou. O patrão recebeu Wanderley de braços abertos e ainda ofereceu a ele um cantinho para morar. “Eu só tinha uma sacola de roupa, quando voltei.” Naquele momento, Wanderley sentiu que podia contar com a vida outra vez. Ficou agradecido. Todo mês, ele e outros colegas de trabalho vão à Fale para oferecer cuidados de beleza aos pacientes. No próximo domingo, o ex-paciente estará lá.

O ativismo de Wanderley é contagiante. O dono do salão onde ele atua já fazia trabalhos sociais antes de conhecê-lo, mas depois de ver de perto a rotina de um portador de HIV se engajou ainda mais na luta contra a doença e apoia projetos ligados ao tema. Além da distribuição de camisinhas no salão, há até cartões-postais com o tema anti-HIV. Os profissionais do Hélio também participam de iniciativas da organização Cabeleireiros contra Aids, um projeto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (Unesco).

Hoje, três anos depois, Wanderley conseguiu se reinventar. “Um portador de HIV só precisa de quatro coisas para viver bem: tomar a medicação sempre na hora certa, se alimentar bem, sexo seguro e não usar nunca palavras negativas”, afirmou. Wanderley, em breve, vai realizar um dos seus sonhos: está acabando de construir uma “mansão”, como ele mesmo diz. Cheia de pássaros e verde. “A gente é como uma nascente de água pura. Tem um curso a seguir. Quando surge algum obstáculo, como as rochas, por exemplo, a nascente faz uma cachoeira. O ser humano também pode ser assim e se superar sempre”, ensina. Wanderley não se cansa de comemorar o fato de estar no mundo. “Quando eu completar 50 anos, quero fazer uma megafesta na minha casa nova. Vai ser à moda carioca, com muita feijoada. Uma celebração da vida”, concluiu.

Leilane Menezes
Correiobraziliense.com.br

Uma Copa do Mundo pela paz



Quatro da tarde, terça-feira, 29 de junho. Um público numeroso já chega ao Parque Jean-Marie Vincent, próximo ao bairro La Saline. No campo, crianças de 11 e 12 anos vestidas com camisas amarelas de golas verdes e com shorts azuis - como a seleção brasileira de futebol.

Do outro lado, já estão posicionadas outras crianças, com camisas vermelhas e shorts azuis, cores da seleção chilena. Todos fazem os últimos movimentos de aquecimento, só aguardando o apito inicial. Duas equipes que estão prontas para a batalha no campo: trata-se da qualificação para as quartas-de-final da competição.

Nestas oitavas-de-final se enfrentaram o Brasil, vindo da região de Pont-Rouge, e o Chile, de La Saline. A partida faz parte do campeonato "Petit Mondial” (Pequeno Mundial), uma espécie da reprodução da Copa do Mundo da Fifa, na África do Sul. O torneio reuniu 32 equipes de localidades pobres da região do Grande Bel Air e das redondezas, que representam as 32 seleções que disputaram o mundial de futebol.

No mesmo Parque Jean-Marie Vincent, a mini-seleção da Itália, vinda da região de Saint-Martin, encara o Japão de Bel Air. Em outro campo, a Eslováquia de Delmas 2 pega a seleção de Camarões, da rua de Césars, outro sub-bairro de Bel Air. Assim como na Copa do Mundo, algumas equipes vão sendo eliminadas ao longo do torneio. Mas aquelas que continuam vivas na África do Sul são, em sua maioria, diferentes das que participam da mini-Copa.

Cada time tem 15 jogadores entre 11 e 13 anos, formando um total de 480 atletas. O Viva Rio disponibilizou um médico da organização para fazer uma avaliação da saúde das crianças e o acompanhamento médico dos jogadores, que recebem ainda um lanche antes das partidas e, após o jogo, um prato de comida.

Além disso, utilizando a verba recebida pelas equipes de futebol, cada localidade decorou suas ruas e casas com as cores do país que está representando na mini-Copa. Após a competição, o lugar com a ornamentação mais bonita – e que tenha mantido a rua limpa durante o período da competição – será premiado com a quantia de US$ 500 e receberá uma grande festa com atrações culturais e musicais.

Para Daniel Delva, responsável pela área de Relações Comunitárias do Viva Rio, os jogos atraem multidões. "Em torno dos quatro campos de futebol onde acontecem as partidas, o que predomina é o entusiasmo e alegria do povo", garante.

Como se defendessem de fato o país de seu uniforme, as equipes dão duro e mostram seu comprometimento. Os técnicos das minisseleções do Chile, François Dominique, e do Brasil, Reginald Auguste, são exemplo disso: eles estão a todo momento gritando e orientando seus pupilos para que marquem, ataquem e defendam.

Mas toda esta motivação está relacionada também às recompensas que aguardam as três equipes mais bem colocadas no campeonato. Além dos troféus e medalhas, os 45 jogadores que formam estas três seleções ganham, cada um, uma bolsa de estudo no valor de US$ 130. Os jogadores que demonstrarem verdadeiro talento para o esporte serão apoiados pelo Viva Rio e integrarão o programa "Em busca de talentos esportivos", que já treina 45 outros atletas de destaque em sua escolinha de futebol.

Quem financiou com US$ 37.813 esta mini-Copa do Mundo haitiana foi a Seção de Redução da Violência Comunitária (RVC) da Minustah, a missão de paz da ONU no Haiti. Para os organizadores deste torneio, trata-se de aproveitar o ambiente criado pela Copa do Mundo da Fifa para organizar atividades lúdicas e recreativas. E quem lucrou de verdade com o torneio foram os habitantes de Bel Air e de suas redondezas.

Estas atividades têm o objetivo de consolidar laços sociais e buscar o desenvolvimento de uma cultura de paz na comunidade da Grande Bel Air. É importante desenvolver o espírito de cooperação e de troca entre as pessoas de diferentes localidades da região, de incutir nos jovens o senso de ética esportiva, de estimulá-los a trabalhar duro para aprimorar seus talentos, em vez de recorrer à vida fácil e se envolver em maus caminhos.

A implantação do projeto é assegurada pelo Viva Rio - presente no Haiti desde 2007 e que concentra suas atividades na zona de Bel Air e vizinhanças e trabalha com crianças em situação de risco social - e tem o apoio da organização haitiana Renaissance Film. Outro parceiro que também contribuiu para a realização do torneio foi o Fórum Comunitário de Bel Air, que se comprometeu com o planejamento das atividades e com a seleção dos jovens participantes.
Por Faustin Caille
Comunidadesegura.org.br