É muito legal ver nossa tecnologia agrícola sendo exportada para outros países, especialmente os da África, que mais precisam de ajuda.
Ministros e técnicos da Agricultura e pastas afins de 53 países africanos conheceram ontem o jeito brasileiro de cuidar do campo. Eles visitaram a AgroBrasília, feira de negócios organizada por produtores rurais e pelo Governo do Distrito Federal, e considerada a mais importante do Centro-Oeste. Representantes de Costa do Marfim, Argélia, Burkina Fasso, Sudão, Sri Lanka, Moçambique, Senegal, Nigéria e de outros países têm interesse nas técnicas desenvolvidas para plantio no cerrado, que é um tipo de savana, o bioma predominante na África. Os líderes e técnicos percorreram todos os estandes do evento, mas deram atenção especial aos da agricultura familiar, em sua maioria com tecnologia e inovações desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A maioria dos países africanos trabalha com agricultura extensiva, caracterizada pelo uso de técnicas rudimentares na produção. As propriedades são pequenas, e o cultivo é quase todo para a subsistência. O continente tem dificuldades em expandir o volume produzido e em garantir a segurança alimentar da população. Além do uso de técnicas antigas de plantio e de trato do solo, outro obstáculo são as dificuldades de irrigação em regiões que, como o cerrado brasileiro, enfrentam muitos meses de seca seguidos de longos períodos de chuva.
“A força de trabalho e as máquinas não são desenvolvidas, e somos muito dependentes das chuvas. Os rendimentos da agricultura são baixos. A produção é principalmente para o mercado interno e para a subsistência”, relatou Laurent Sédogo, ministro da Agricultura de Burkina Fasso, país da África Ocidental de colonização francesa.
Sédogo disse que a maioria das propriedades rurais de seu país é pequena, ocupando áreas de três a cinco hectares. Nesses locais, predominam a horticultura e a fruticultura. Alguns poucos produtores maiores ocupam terras de, em média, 25 hectares, e se dedicam majoritariamente ao plantio de algodão, a principal cultura comercial do país. O ministro admite que esses produtores recebem mais incentivo do governo, e diz que é preciso fazer o cultivo de alimentos crescer. Segundo ele, a delegação tem grande interesse no conhecimento técnico do Brasil e na troca de experiências. Como contrapartida, os africanos podem oferecer aos brasileiros mecanismos eficientes para recuperação de solo seco.
“Ficamos muito animados com as máquinas pequenas, desenvolvidas especialmente para a agricultura familiar. A articulação entre as entidades e cooperativas que observamos, os convênios para vender produtos da agricultura familiar para as cantinas escolares, nos servem de pista sobre o caminho tomar. A irrigação também nos interessa, porque temos que armazenar a água da chuva em barragens e isso é muito difícil”, acrescentou o ministro.
Internacionalização
O secretário de Agricultura do DF, Wilmar Luís da Silva, que acompanhou a visita dos africanos à AgroBrasília, convidou as delegações a manterem contato permanente com a feira. “É um projeto nosso a médio prazo de internacionalizar o evento. Para eles isso pode ser proveitoso, porque as tecnologias daqui são reaplicáveis lá. Já tive a oportunidade de visitar o Senegal e Moçambique e ver que esses países criam gado europeu em clima quente. Disse aos visitantes que isso está errado”, afirmou.
De acordo com Silva, além da África, a Alemanha pode estar presente na edição de 2011 da AgroBrasília. “O embaixador Wilfried Grolig esteve na feira e se propôs a trazer réplicas das feiras de Nuremberg e de Hannover.”
A AgroBrasília está em sua terceira edição e vai até amanhã no Parque Tecnológico Henrique Cenci, no Km 5 da BR-251, região do Programa de Assentamento Dirigido do DF (PAD-DF). A entrada para o evento é franca. Os visitantes têm acessos a estandes de empresas, do governo e de produtores. Ao todo, são 290 expositores que mostram as novidades em matéria de máquinas agrícolas, genética, sementes e técnicas de produção. Para quem vai fechar negócios e deseja financiamento, unidades do Banco do Brasil (BB) e do Banco de Brasília (BRB) estão à disposição.
A estimativa dos organizadores é de que, este ano, o evento movimente R$ 100 milhões, contra os R$ 80 milhões em 2009. Coordenador desta edição da AgroBrasília e integrante da Cooperativa de Produtores do PAD-DF (Coopa-DF), Ronaldo Triacca diz que ainda não foi feito balanço do volume de recursos movimentado nos três primeiros dias da feira, que começou na terça. “Só vamos fazer o cálculo após o encerramento”, declarou. Ele afirma, entretanto, que a expectativa é de que a meta será atingida.
Correiobraziliense.com.br
Mariana Branco
Publicação: 14/05/2010 08:45
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