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quinta-feira, 27 de maio de 2010
Reconstrução da vida
Muito legal essa história de superação e força de vontade!
Durante um banho, em 1989, Maria Lucília da Silva identificou pequenos caroços nas mamas. Como não havia sentido qualquer tipo de alteração no corpo até então, a cabeleireira pensou que poderia ser um coágulo de leite. Com o passar do tempo, surgiu a preocupação. A insegurança e o medo de ouvir a verdade, porém, a impediram de procurar um médico pelos próximos seis meses. Mas não teve jeito. Quando se deparou com o resultado da biópsia realizada nos nódulos, ela soube que os anos seguintes seriam difíceis. Ela tinha duas opções: acomodar-se no fundo do poço ou dar a volta por cima e enfrentar o câncer de mama. Na época com 32 anos e mãe de duas crianças, Lucília escolheu a segunda opção. Desenvolveu, então, uma prótese caseira para mulheres que retiraram a mama, trabalha como voluntária no Hospital de Base e hoje se diz uma amante da vida.
Em menos de um mês, Lucília estava sem os dois seios. “No início, eu queria ficar livre da doença. Mas é um baque muito forte para a mulher. É uma mutilação.” Durante dois anos — de 1990 a 1992 —, ela se redescobriu como mulher e foi obrigada a tomar as rédeas de uma nova vida. A vergonha de usar um vestido ou uma blusa decotada a fez criar uma prótese de espuma para colocar dentro do sutiã. O fim do casamento incentivou a então dona de casa a fazer um curso técnico de cabeleireira e de costura para sustentar os filhos de 11 e 5 anos. “É difícil demais curar o câncer. Ele tira a sua dignidade, te coloca lá embaixo. Além dos preconceitos que você sofre. É o que tem de mais agressivo para uma mulher”, desabafou.
Os dois filhos foram o maior incentivo para a cura da doença de Lucília. E o grande trampolim para a retomada da vida aconteceu em 1992, quando ela fez a reconstituição dos dois seios. Como na época não havia implante de silicone, ela foi submetida a uma cirurgia que retirava gordura da barriga para implantar no busto. “Valeu muito a pena. Temos que lutar pela vida, deixar o medo de lado, nos amar e amar a vida: é o nosso bem maior.” Animada e de bem com a vida, Lucília hoje se sente livre para usar blusas justas, com decote, e vestidos variados. E alguns dias de semana ainda trabalha no pequeno salão de beleza improvisado na garagem de casa, no Gama. “Foi assim que criei meus filhos, construí a minha casa e hoje pago meu carro. Consegui tudo o que eu queria”, orgulha-se.
Quando superou a doença, Lucília decidiu ajudar outras mulheres que passam pelo sofrimento com a doença. Em 2005, aderiu ao voluntariado da Rede Feminina de Combate ao Câncer, do Hospital de Base. O grupo de mulheres trata do câncer de mama e do colo do útero e realiza visitas às pacientes no ambulatório, doa lanches, acolhe e ensina os direitos das cidadãs. Após um ano de trabalho, a cabeleireira percebeu que algumas mulheres carentes também enfrentavam dificuldades como, por exemplo, a demora de conseguir prótese de silicone e para a reconstituição dos seios. “Na minha época, eu também não tinha condições. Pedi dinheiro emprestado à família e me virei para criar uma prótese para usar um simples vestido”, lembra.
Como funciona
A Rede Feminina de Combate ao Câncer funciona no Corredor 5 do Hospital de Base do Distrito Federal. Além de encontrar as próteses externas da mama, as pessoas encontram produtos à venda. Todo o valor adquirido é revertido para a ajuda às vítimas do câncer de mama e de colo do útero. O grupo também atende pelo telefone 3315-1221.
Juliana Boechat
Correiobraziliense.com.br
Publicação: 27/05/2010 08:21
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